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Dirigir é amar

Apresentou-se como um pastor que vai em busca da ovelha tresmalhada e carrega aos ombros a ovelha ferida. Claro que não a escorraçou para depois correr atrás dela, nem a feriu, propositadamente, para, depois, ter feridas a curar!

2. O poder é serviço, por amor. Isto, em qualquer comunidade, a começar pela mais pequena das comunidades, a família. Exercer o poder não é agir arbitrariamente, impondo a própria vontade e os próprios caprichos.

O exercício do poder tem em vista o bem da comunidade que se dirige e não a busca da promoção ou do prestígio pessoal. Muito menos o favorecimento de interesses particulares.

Exercer o poder é cuidar de cada uma das pessoas que lhe são confiadas. Cuidar do seu bem. Criar condições para que todos se sintam felizes e se possam realizar, cumprindo a sua missão. É ajudar cada a um a pôr a render os talentos que Deus lhe deu e saber manter o homem certo no lugar certo.

3. Exercer o poder é amar, e amar não é coisificar as pessoas mas reconhecer em cada uma delas a dignidade de ser humano e de filho de Deus. O outro não deve ser nunca tratado como objeto de que me sirvo ou como peça de tabuleiro de xadrez.

Amar é tratar o outro como ser igual e diferente. E ser diferente não é ser menos nem ser mais: é ser diferente. As diferenças são para respeitar e valorizar, pois são enriquecedoras da comunidade. Como os diversos membros do mesmo corpo.

Amar é construir unidade respeitando a legítima diversidade. É procurar o bem da pessoa amada, vivendo para ela e não à custa dela. Servindo-a e não servindo-se dela. É sentir-se responsável pela felicidade do outro.

Não há amor sem sacrifício em favor da pessoa amada. Foi esse o exemplo que Cristo nos deu e o seu mandamento é que nos amemos como ele nos amou (João 15, 12-14). 

4. O ser humano foi criado para viver em comunidade. Não é conveniente que o homem esteja só, disse Deus (Génesis 2, 18). E um cristão só, não é um cristão, afirmou Tertuliano. Numa comunidade bem organizada há um mínimo de regras que por todos devem ser aceites e respeitadas.

Em toda a comunidade bem organizada deve haver alguém que dirija. O  dirigente deve emergir do seio da comunidade e por ela aceite.Deve ser uma pessoa dotada de senso comum, acima de tudo.

Deve agir com a consciência de que dirige seres humanos como ele, com a mesma dignidade, com qualidades e defeitos. Seres humanos que também pensam e sentem, com quem deve dialogar e a quem deve prestar contas.

Deve saber rodear-se de bons conselheiros, que podem não ser os que dizem amém a tudo e, para não desgostar o chefe, lhe escondem as más notícias.

5. Dirigir não é dispor arbitrariamente dos bens da comunidade, mas administrá-los tendo sempre em vista o bem da mesma comunidade. Dirigir não é considerar-se um ser omnipotente e omnisciente, mas saber ouvir a opinião dos outros e saber aconselhar-se antes de tomar decisões.

Dirigir é saber delegar e distribuir tarefas, já que o dirigente não consegue estar em toda a parte nem pode ser o faz-tudo.

Dirigir não é andar num frenesim constante, mas saber conseguir tempo para parar, para refletir, para ouvir. Dirigir também é reconhecer os próprios limites, aperceber-se dos próprios erros, ter a humildade suficiente para corrigir decisões menos acertadas.

Dirigir é amar e amar é servir. Servir todos, não receando dedicar particular atenção aos mais fragilizados.

 

Autor: Silva Araújo
DM

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3 agosto 2017