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Dia Mundial da Paz

1. Celebra-se sábado o 55.º Dia Mundial da Paz, instituído por Paulo VI em 8 de dezembro de 1967. Na mensagem que escreveu, o Papa Francisco diz querer «propor três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar ‘possível a criação dum pacto social’, sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz». 2. A paz é um dos grandes valores cristãos. Cristo foi anunciado como o Príncipe da Paz. Por ocasião do seu nascimento uma multidão do exército celeste louvava a Deus, dizendo: «glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade»(Lucas 2, 13-14). Ele mesmo quis deixar-nos a Sua paz: «Não se perturbe o vosso coração. (…) Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz: Eu não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize»(João 14,1.27). Ressuscitado, saudava os discípulos dizendo «a paz esteja convosco»(Lucas 24, 36). «Vivei em paz uns com os outros»(Marcos 9, 50),recomendou. Proclamou a felicidade dos que fazem a paz(Mateus 5, 9).

Salientou, entretanto, que a sua paz é diferente da paz dos homens. Resulta da retidão, da justiça, da reconciliação, do respeito pela dignidade do outro e não do poder do mais forte. É fruto do amor e não do temor.

3. O cristão é chamado a ser construtor de paz. Para isso tem de saber eliminar as causas das guerras: o egoísmo, o orgulho, o desamor, o ódio, a mentira, a injustiça, a falta de perdão, o domínio do ter sobre o ser...

Tais causas nascem no coração dos homens. Pergunta Santiago: «De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não vêm precisamente das vossas paixões que se servem dos vossos membros para fazer a guerra? Cobiçais, e nada tendes? Então, matais! Roeis-vos de inveja, e nada podeis conseguir? Então, lutais e guerriais-vos!»(Santiago 4, 1-2).

4. Para construirmos a paz e darmos paz necessitamos nós mesmos de viver em paz, o que nem sempre acontece. Lembro Miguel Torga («Diário» XVI. 1993, pag. 113):«não tenho paz, não dou paz, nem quero paz. Vivo desassossegado a desassossegar quem se aproxima de mim. E o pior é que as vítimas indefesas das minhas mortificações são aqueles que mais amo».

5. A construção da paz deve ser esforço de todos. Deve acontecer onde quer que as pessoas se encontrem: na família, nos meios de trabalho, na política, no desporto…

Escreve o Papa: «Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados». «Aos governantes e a quantos têm responsabilidades políticas e sociais, aos pastores e aos animadores das comunidades eclesiais, bem como a todos os homens e mulheres de boa vontade, faço apelo para caminharmos, juntos, por estas três estradas: o diálogo entre as gerações, a educação e o trabalho. Com coragem e criatividade. Oxalá sejam cada vez mais numerosas as pessoas que, sem fazer rumor, com humildade e tenacidade, se tornam dia a dia artesãs de paz». 6. Ser construtor de paz pode exigir a reconciliação com quem se está desavindo ou em relação a quem se alimentam ressentimentos. Recordo S. Mateus: «Se, ao apresentares a tua oferta sobre o altar, aí te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa aí a tua oferta diante do altar e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão»(5, 23-24). Há que ser construtor de pontes e promotor de encontros.
Autor: Silva Araújo
DM

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30 dezembro 2021