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Desenvolvimento desportivo

São vários os fatores de desenvolvimento desportivo e muitos os investigadores que se dedicaram ao estudo destes pilares que podem sustentar de forma positiva o desporto de um país. Qualquer decisor político que desconheça estes fatores, e a forma em como os trabalhar, estará condenado ao insucesso.

Mas quais são os principais fatores de desenvolvimento desportivo e como mudar para ter mais e melhor desporto, mais praticantes a nível nacional e melhores resultados a nível internacional?

Com referência ao “estado da arte” aplicado à situação nacional, aqui ficam os fatores mais importantes, e onde certamente concordaremos em que temos ainda muito caminho a percorrer: “Organização”, nomeadamente na coordenação dos agentes desportivos. São vários os operadores e com funções sobreportas. Faz pouco sentido termos duas superestruturas como o Comité Olímpico e a Confederação de Desporto do lado associativo, uma Secretaria de Estado e um Instituto para tratar das questões do Desporto e da Juventude, um Ministério da Educação responsável pelo Desporto Escolar, mas que não lhe dá o valor que merece, e ainda, outros setores como o Desporto Universitário, Militar, etc. cujas sinergias devem estar melhor articuladas com os restantes agentes desportivos; “Legislação” não adequada às reais necessidades da população e sem clareza na complementaridade entre os diferentes agentes desportivos, complexa e difusa, inconsequente; “Instalações e equipamentos desportivos”, um cadastro que está por realizar, uma carta desportiva que não tem fim à vista. Quantas e quais instalações desportivas que existem e em que condições, quem e que atividades servem, com que ocupação, qual o prognóstico de necessidades para os próximos anos? Um problema básico que os Governos e suas agências não conseguem resolver; “Financiamento”, fraco, dez vezes menos que o que é investido anualmente em cultura, sempre dependente de questões como a receita dos jogos de sorte/azar, baseado em histórico e não em objetivos. Quando o desporto e atividade física parece ser a solução para quase tudo e ajudar a economia, que está na linha da frente para combater as doenças e acidentes cardiovasculares, a obesidade, os distúrbios de sono e depressões, melhorar a produtividade e níveis de saúde, etc., com os níveis de financiamento existentes é trabalhar para ir aquecendo; “Documentação, Informação, Investigação, e Formação de Recursos Humanos”, mais uma vez agentes que aparentemente não estão alinhados, temos grande parte das instituições de Ensino Superior, por exemplo, fechadas em si mesmas, a não cooperar com quem está no terreno, a formarem para realidades abstratas e sobretudo a investigar para resolver problemas de progressão académica individual e não a favor do desenvolvimento com impacto social; “Marketing e Comunicação”, com os operadores do Estado, nomeadamente a TV pública, que não está interessada em alavancar o conhecimento e cultura desportiva da população. Sem este apoio, teremos sempre o desporto a coxear; “Programas e Atividades”, com um destaque para a Educação Física Escolar, que não está a conseguir criar hábitos de prática desportiva, como é objetivo desta disciplina há décadas.

Apenas alguns exemplos de erros que se cometem e soluções que não se encontram em fatores absolutamente decisivos para o desenvolvimento desportivo, os quais, deveriam estar caracterizados e devidamente programados num documento fundamental, o tal Plano de Desenvolvimento Desportivo Nacional.


Autor: Fernando Parente
DM

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6 março 2020