É o título do novo livro do cónego João Aguiar Campos que, logo às 21h00, no Espaço Vita, vai ser apresentado publicamente.
De um texto de há quatro anos, que ele mesmo repescou e apresentou no facebook de 1 de Abril, extraio dois pensamentos que bem podem definir este livro da mais pura poesia, no sentido mais profundo que tal palavra evoca: «Gosto de palavras e de viajar por dentro delas, sentindo que têm alma»; «Gosto de perder-me na contemplação, embrulhado no espanto de ser gratuitamente amado por Deus».
As palavras de João Aguiar têm alma e estão ungidas pelo espanto de se saber gratuitamente amado por Deus, de quem pensa que o melhor está para vir, que acredita que a verdade existe e se deixa encontrar por quem séria e esforçadamente a procura. Alguém que sabe que «a perfeição está sempre um passo à frente do passo que vou dar».
Mergulhamos no seu texto e aqui deixamos algumas das pérolas que descobrimos. O número é o da página onde se podem encontrar.
«A alegria e felicidade são muito mais do que uma lista de desejos satisfeitos.
Por mim, sinto-as no coração que ouve, lê e procura em cada circunstância o pólen acima dos espinhos. (9)
«Podes deixar-me amar-te?» «.. é fundamentalmente uma pergunta divina – por ser o pedido que Deus faz constantemente à porta do nosso coração». (14)
«São tuas, oh Deus, as palavras da minha voz. És Tu o caminho dos meus passos, a nascente da minha sede e o pão dos meus cansaços». (32)
«Ai como é bom o odor das palavras nascidas nos corações serenos, sem o vinagre da maledicência ou o fio cortante da competição!» (54)
«Há dias maus, até ao momento em que o olhar se ergue para além do instante.
A partir daí, a morte abre a vida à eternidade, as dúvidas são o princípio da sabedoria, as dores são um alerta. Até uma zanga pode ser o prefácio de um reconfortante abraço». (55)
«Lidar com as diferenças não é senão procurar a harmonia. ... ter a paixão pelo belo». (59)
«Obrigado por estares comigo amanhã. Essa presença sem retorno chama-se amor!» (61)
«É nas despedidas que aprendemos a morrer.» (69)
«O amanhã não é espera, mas dor de parto.» (81)
«Viver o amor é estar permanentemente preparado para a alegria do encontro sem data.
O amor é um estado de atenção». (113) «O futuro ama quem lhe sorri.» (148)
«Não pretendo compreender os desígnios de Deus, mas peço a luz da sua janela.» (151)
«Não me lembro de acordar desanimado ou de mal com a vida. Consciente, sempre; desanimado ou desorientado, nunca! … Vou encher as horas de familiares e amigos, com a graça de Deus. Que mais posso querer? … deixem, por isso, cantar o galo.» (152-153)
«O futuro será dos que tiverem mais capacidade de contagiar.» (199)
«Permanece no amor quem o alimenta de encontros, gestos, palavras e silêncios contemplativos.» (200)
«O medo não é massa de que se faça um crente. Não fujo de nada nem de ninguém para o colo de Deus. Corro para lá porque o amor me chama!».. (221)
«No meu testamento deixarei, para todos os herdeiros, a fé no dia seguinte!» (250)
«Gosto de andar descalço.... É descalço que rezo à noite, como se rezar de outro modo não me deixasse tão solto de tudo o que tenho para entregar; despojado. É como se dissesse: «Estou aqui. Não vou a lado nenhum. Este tempo é teu!»... (269)
«Os poetas e os santos têm alma de jardineiros!»... (309)
«Hoje, oh Deus, sabendo-me amado, ensina-me a amar e a amar-Te!...» (367)
«Que eu veja a manhã de Páscoa onde desaguará a minha dor.... que eu me veja com a coragem de me deixar ver, tocar e sarar». (374)
«Oh Amor.. tão meigo.. tão paciente e fiel, quero amar-Te». (375)
Autor: Carlos Nuno Vaz