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De Trump saiu perigosa crisálida

Alega o presidente que viu uma série de fotografias de crianças sírias gaseadas, não cuidando minimamente de averiguar o tempo e o lugar (e as circunstâncias reais) da tragédia. Pior: ignorou a explicação dada pela Rússia (de quem durante a campanha eleitoral sempre se afirmou futuro aliado), explicação que descrevia o ocorrido como resultado do bombardeamento, completamente acidental e involuntário, de um depósito ilegal de armas químicas que pertenciam ao "Estado Islâmico"; tendo-se libertado então, os mortíferos gases. Quer dizer: deu menos crédito à Rússia anti-terrorista que aos terroristas do próprio DAESH...

2 – Bombardeia a Síria e... o Afeganistão). Dias depois, vai demonstrar aos mais atentos que algo se tinha mesmo passado no "mundo das sombras" washingtono-novaiorquinas. Trump manda disparar uma super-bomba (felizmente, ainda não-nuclear) sobre um local remoto dos montanhosos territórios tribais afegãos contíguos ao Paquistão, onde se acoitavam fanáticos islâmicos, destruindo 5 kms à volta e penetrando a 70 metros de profundidade.

3 – Ao mesmo tempo, provoca o belicoso e adiposo jovem líder da Coreia do Norte). Ora aqui é que o "metamorfoseado" e novel Donald Trump comete um erro "de palmatória". É que, mais "show" menos "show", nada de novo se passava na Coreia do Norte: é sempre o mesmo ratinho asiático inconsciente (e com esteróides) a desafiar o gatarrão do poder (atómico) americano. E, ou a América quer guerra ou não quer guerra. Se quer, não pense que vai ter motivação nem "marines" que cheguem para derrubar aquele pequeno estado militar e "teocrático". Vai ter de usar armamento que causará baixas maciças na população civil. E por sua vez, o Norte vai bombardear o Sul, que nada tem a ver com os malucos de Pyong-hiang (e de Washington, pelos vistos...).

4 – Ao hostilizar a Coreia do Norte, Trump coloca-se nos braços da China...). Trump ganhou as eleições elegendo a China (óbvio rival e super-credor comercial dos EUA) como seu adversário principal. Agora, para evitar uma sanguinária nova guerra na península coreana (e os EUA já aí perderam uma, nos anos 50) vai ter de recorrer aos bons ofícios de Pequim! Que, logicamente vai obrigar Trump a desmontar toda a boa lógica da sua anterior proposta política, anti-China e anti-globalização.

5 – É claro que todas estas inconsistentes opções políticas decorrem do afastamento de Flynn e de Bannon). Quem isto ousasse negar, ao menos tem de concordar com a coincidência temporal. O arguto e carismático general Michael Flynn deu lugar ao belicoso e sombrio MacMasters. E à perda de influência do direitista Steve Bannon correspondeu a não sufragada ascenção a conselheiro oficial, do imaturo mas rico genro judeu-ortodoxo de Trump, Jared Kushner, casado com a "cândida" Ivanka.

6 – Mais valia demitir-se e passar já o poder a Pence...). Se é para continuar este espectáculo deprimente de inversão de todas as promessas eleitorais, o melhor seria Trump sair já de cena, uma vez que se percebe que já não manda nada. Seria melhor para a figura que faz; melhor para o prestígio dos EUA e da própria Democracia; e melhor para a clareza das relações internacionais. É que Trump nem sequer conseguiu impor o mais básico: expulsão de mexicanos ilegais e delinquentes; e controlo severo da entrada e permanência dos islamistas radicais.

7 – Tentando aspirar o génio novamente para dentro da lâmpada). Disse o notável Gert Wilders, depois de ficar em 2.º lugar nas recentes eleições holandesas, que "o génio (do patriotismo) havia saído da lâmpada e agora não há maneira de o fazer reentrar outra vez". A prazo, tem razão. Quanto mais avançarem a globalização e a colonização (objectiva...), por não-europeus, de países que eram etnicamente apenas europeus (ou quase), mais o génio será poderoso e sanguinário. Daqui até lá, haverá, contudo, avanços e recuos. Porém, "a vitória é certa", como dizia com razão esse notável nacionalista que foi o pitoresco Samora Moisés Machel...

8 – De momento, "tudo como dantes, quartel-general em Abrantes"...). A esmola era grande demais, o pobre (eu) já desconfiava... Há muitos anos que me habituei a ser crítico das políticas agressivas da América pelo mundo fora. O clímax foi atingido por Bush (filho) com a injusta ocupação de Iraque; e com o derrube sangrento da Líbia de Kaddafi (Obama-H. Clinton); ou com o bombardeamento de Belgrado e invasão do Kosovo (W. Clinton). A Páscoa de 2017 é novamente israelita (aliás, comemoram-se os 300 anos da Maçonaria...). "A Ocidente, nada de novo", diria outra vez Erich Maria Remarque. Saudades de Nixon, esse americano inteligente, sério e leal, digo eu.

 

Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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2 maio 2017