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Covid-19 Emergência Nacional

A reflexão necessária, no momento em que escrevo esta NORTADA: apesar de vivermos num mundo de grande conhecimento, estamos a ser dominados pelo desconhecido: e o facto cria nas pessoas naturais sentimentos de fragilidade, insegurança, angústia e medo e nalguns casos, até, pânico. E, então, uma conclusão evidente: mesmo possuidor de uma inteligência superior, de um conhecimento científico e tecnológico ímpar e de meios nucleares de destruição massiva, o Homem luta desesperadamente pela aniquilação de um microorganismo infecioso batizado de Covid-19; e a lembrar, nos rastos de tornados, tsunamis e sismos, que a Natureza tem razões que a sua razão desconhece. Todavia, se recuarmos no tempo, sempre sinais houve desta força natural adormecida que enfrentou o Homem com balanços de milhões de mortos e destruições assustadoras; e, sectorialmente, debitadas a ações de abalos sísmicos, atividades vulcânicas e ataques biológicos de que são alguns exemplos a Gripe Espanhola – 1918/1919, a Gripe de Hong Kong – 1968/1970, a Tuberculose – 1850/1950, Malária desde 1890' até aos nossos dias ou a Febre Amarela – 1960/1962) todos em conjunto responsáveis por biliões de mortes. Mas, oportuno é lembrar que o Homem, quando solta e dá largas à sua animalidade, igualmente segue o exemplo da Natureza, matando e destruindo absoluta e selvaticamente; basta recordarmos os exemplos históricos com milhões de vítimas atribuídos aos campos de concentração, aos Gulags, aos fornos crematórios, cuja autoria cabe a Hitler e Estaline e às duas Guerras Mundiais (1914/1918 e 1943/1945); e, nestas circunstâncias, a ação do Homem, contrariamente à sua natureza racional e humanista, iguala ou ultrapassa, em primitivismo e crueldade, a mãe Natureza. Agora, voltando ao seu impacto na vida do nosso país, o Covid-19 transforma-se num inimigo público que espalha o medo nas populações, obrigando ao fecho de creches, escolas, universidades e todos os setores de atividade não essenciais, bem como impedindo a circulação não necessária nas vias públicas e, até, decretando o encerramento de fronteiras; e, assim, a vida económica nacional sofre forçada paralisação, provocando um rombo estrondoso na vida financeira, pessoal e social das famílias. Depois, o constrangimento provocado pelo isolamento das pessoas e pelo obrigatório virar de costas a familiares, amigos e vizinhos, num tempo em que as redes sociais facilitam e incentivam as relações interpessoais e a dinâmica da comunicação e informação agrega e não afasta, espanta-nos e faz-nos pensar que, afinal, não passamos de grãos de areia no imenso universo; e esta verdade pode despoletar na sociedade os fantasmas de nacionalismos, populismos e totalitarismos defensores das restrições à mobilidade e ao globalismo com o encerramento de fronteiras em defesa do antieuropeísmo, do racismo, da xenofobia e do chauvinismo. Pois é, a acrescentar a tudo isto, a rapidez e virulência do contágio do vírus mais preocupam ainda, dadas as fragilidades e carências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em meios humanos e materiais; e esta falência estrutural do sistema tem raízes na guerra ideológica desencadeada pelas esquerdas contra os serviços de saúde privados o que, obviamente, só acarreta prejuízos e danos no atendimento capaz e urgente às populações, em tais circunstâncias só a colaboração, generosidade, solidariedade e entreajuda de todos será uma arma necessária no combate a esta guerra inóspita e fatal. Ora, o que mais me confrange, confesso, para além de tudo isto e me toca psicologicamente, é o corte forçado, porque imprescindível, nas relações intrafamiliares e sociais de proximidade, como é, por exemplo, com filhos, netos e demais família e também com os amigos; e, sobretudo, num tempo de afirmação e prática dos valores de liberdade, solidariedade, fraternidade, partilha e doação em que vivemos; como também o atendimento público através de postigos ou barrado por máscaras e vidros e o enfrentamento de longas filas para aquisição de bens de consumo de primeira necessidade. E esta trágica realidade em que vivemos faz-me pensar seriamente e ter muito respeito por aquilo que António Gedeão, pseudónimo literário do professor de Física e Química Rómulo de Carvalho, afirmou e que bem pode servir de aviso para os detentores dos poderes políticos e económicos nacionais e mundiais: As forças da Natureza nunca ninguém as venceu. Finalmente, um grito de alerta para todos os portugueses: sejam responsáveis, pacientes, inteligentes, solidários e persistentes na luta contra a epidemia, para que ela não se transforme numa hecatombe e perante o seu descontrolo e a escassez ou falta de meios de combate tenham de ser os profissionais de saúde a decidir quem deve ou não deve morrer. Então, até de hoje a oito.
Autor: Dinis Salgado
DM

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25 março 2020