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Coparentalidade e o conflito

A história da família é, cada vez mais, uma história que se conta de forma surpreendente.

A experiência do divórcio e da separação, na vida dos filhos, já não é só o fim de uma relação, mas anuncia em si, o início de uma nova parentalidade.

É sabido que uma relação afetiva com ambos os progenitores é um fator de proteção para as crianças e que o conflito elevado entre pais divorciados não deve ser usado para justificar restrições no contacto com as crianças, salvo nas situações em que elas precisam de ser protegidas da violência e dos abusos.

Por outro lado, é importante esclarecer que o conflito faz parte do nosso quotidiano e que proteger totalmente a criança dos conflitos, encerra em si a oportunidade de amadurecer a sua personalidade, aprender coisas sobre os outros, resolver problemas, gerar novas ideias, estabelecer limites e expressar sentimentos fortes.

Existe um número considerável de intervenções especializadas em ajudar os progenitores a reduzir os conflitos, incluindo a mediação familiar e os programas de educação parental, com o objetivo de manter os progenitores focados e em sintonia para as necessidades das crianças.

Desta forma, embora o divórcio seja um acontecimento causador de sofrimento, a adequação dos pais na disputa pela regulação das responsabilidades parentais, a qualidade das práticas parentais e a diminuição dos conflitos podem reduzir o impacto do divórcio ou separação, e promover uma adequada adaptação desenvolvimental da criança.

A coparentalidade surge, assim, como um conceito essencial na explicação da adaptação das crianças à separação dos pais e pode ser definida pelo envolvimento conjunto na educação, formação e decisões sobre a vida dos filhos. Os pais cooperantes priorizam o bem-estar dos filhos, enquanto criam e mantêm uma relação construtiva, com novas fronteiras mais flexíveis e maleáveis entre si.

Fique com algumas dicas que podem ajudar a tornar a coparentalidade mais fácil para todos:

1. Comuniquem de forma assertiva

Ainda que a relação com o ex-cônjuge possa não ser a melhor, comuniquem um com o outro para estabelecer um elo de confiança parental e impedir que o divórcio tenha efeitos negativos a longo prazo nas crianças.

2. Mantenham regras consistentes em casa de ambos os progenitores

Embora possam existir diferenças nas perspetivas de cada progenitor, se as regras forem consistentes, irão contribuir para o ajustamento da criança quando estiver na outra residência. Apoiem-se nas regras definidas por cada um e não se desautorizem mutuamente perante as crianças.

3. Não monitorize a vida do seu ex-cônjuge através dos seus filhos

Não procure informações que em nada o vão ajudar a superar a situação.

4. Reconheça que o seu ex-cônjuge pode refazer a sua vida e aceite a outra pessoa como uma figura importante para a vida dos seus filhos.

5. Promova o contacto com a família alargada

A convivência com os avós e demais família alargada é fundamental para a saúde emocional das crianças.

Por último, três notas importantes:

- O bem-estar e as necessidades dos filhos devem ser a prioridade num processo de divórcio;

- Quando os progenitores conseguem colocar as suas diferenças de lado e exercem a coparentalidade, as crianças vão sentir-se mais felizes e mais seguras;

- Independentemente de tudo, o seu papel de pai ou mãe é vitalício.


Autor: Tiago Borges
DM

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22 dezembro 2022