A Síndrome de Asperger é uma perturbação do neurodesenvolvimento que se caracteriza por alterações ao nível da comunicação, comportamento e interação social.
Com a publicação da nova edição do livro Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder V (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais – 5.ª edição), em 2013, a Síndrome de Asperger passou a integrar uma doença conhecida como Perturbação do Espetro do Autismo. Na verdade, apesar de atualmente já não ser considerada uma entidade separada, o termo Síndrome de Asperger é ainda utilizado.
Assim, é considerada uma Perturbação do Espetro Autista de alta funcionalidade, ou seja, com o nível de gravidade mais ligeiro.
Em Portugal, calcula-se que existam cerca de 40 mil pessoas com Síndrome de Asperger, segundo dados avançados pela Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger. Os estudos de prevalência apontam para uma maior incidência em rapazes do que nas raparigas.
As causas desta perturbação são ainda pouco conhecidas, embora se saiba que pode existir uma base genética e um conjunto de fatores neurobiológicos que afetam o desenvolvimento cerebral. Não existe nenhuma relação cientificamente comprovada entre a administração de vacinas e risco de desenvolver esta síndrome. Não existe ainda qualquer ligação causal entre a educação parental e as Perturbações do Espectro Autista. Manifesta-se em qualquer país ou cultura, independentemente da raça e classe social.
A Síndrome de Asperger pode manifestar-se por: dificuldades no relacionamento social, comunicação verbal e não verbal pobre, com escasso contacto visual e expressões faciais reduzidas, dificuldade na empatia e em entender/expressar emoções, linguagem peculiar, comportamentos repetitivos e rotineiros, hipersensibilidade aos estímulos sensoriais (ruídos, texturas, cheiros, sabores), interesses limitados e invulgares, obsessão por determinados temas e movimentos descoordenados/desajeitados.
Na criança mais nova, são sinais de alarme o não imitar, não responder pelo nome, não apontar para pessoas/objetos, não olhar nos olhos, a tendência para o isolamento, a dificuldade em fazer amigos, discurso diferente/peculiar, dificuldades no jogo imaginativo, a criança que “não sabe brincar”, o apego às rotinas e inflexibilidade face à mudança.
Nos adolescentes são frequentes as queixas de comportamento não compatíveis com o desempenho académico.
Em alguns casos, a Síndrome de Asperger pode coexistir com outras perturbações do desenvolvimento, tais como a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, Perturbação da Coordenação Motora e Dificuldades de Aprendizagem.
Na presença de sinais de alarme, é aconselhável que a criança seja observada numa consulta médica especializada (Pediatria do Neurodesenvolvimento, Neuropediatria ou Pedopsiquiatria), onde será feita uma avaliação global, muitas vezes multidisciplinar.
É importante que seja efetuado um diagnóstico precoce, uma vez que, apesar de não existir cura, a intervenção terapêutica atempada melhora significativamente o prognóstico.
O plano terapêutico deve ser adaptado à realidade de cada criança/jovem e pode incluir o treino e gestão comportamental, terapias especializadas (terapia da fala, terapia ocupacional e psicomotora), terapêutica farmacológica, treino parental e planificação dos serviços de intervenção comunitários.
De forma a sensibilizar a população e principalmente promover a integração das pessoas com esta perturbação na sociedade, no dia 18 de fevereiro assinala-se o Dia Internacional da Síndrome de Asperger. Esta é a data do nascimento de Hans Asperger, o pediatra austríaco que deu nome a esta síndrome.
Autor: Diana Baptista