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Cidade dos Guerreiros

Apesar das regras de fair play financeiro exigidas por quem regula o mundo do futebol, causa-me muita estranheza alguns valores apresentados para estas operações comerciais. Se é verdade que quem manda em qualquer mercado é a lógica da oferta e da procura, falar-se de milhões como se fala no futebol parece-me um fenómeno desviante da realidade que vivemos no dia-a-dia de outros fenómenos sociais.

Que estas transações não levem, tal como no mercado imobiliário, a uma crise sem precedentes que ponha em causa este “negócio” nos próximos anos.

Talvez por perspetivarem alguma mudança no paradigma desportivo que se avizinha, os clubes foram-se transformando e investindo no que sempre deveria ter sido feito: a formação de novos atletas.

Vemos um nascer de Academias Desportivas e Escolas de Formação por todo o país que objetivam lançar novos craques para o campo profissional e, com isso, fazer este negócio ser visto de outra prisma. Assim, os clubes nacionais podem pagar os seus orçamentos anuais com as suas vendas e investir, cada vez mais, na formação de novos elementos.

Para que este fenómeno seja feito com uma maior qualidade, é necessário dar as melhores condições de trabalho aos profissionais envolvidos no processo. Assim, é com uma enorme alegria e orgulho que vejo nascer a nova Cidade Desportiva do Sporting Clube de Braga. Não deverá haver em território nacional tão boas condições logísticas para se trabalhar e desenvolver futebolistas desde a sua idade de formação.

Quem visita esta nova cidade só poderá realmente ficar satisfeito. Para mim, independentemente dos resultados desportivos, com isto o Braga é já CAMPEÃO!

A segunda fase da obra dará às restantes modalidades as mesmas condições de excelência.

Penso que o clube se antecipou a uma necessidade futura de todos os clubes portugueses e mostra, com esta obra, que está preparado para o novo mercado internacional.

O presidente António Salvador está de parabéns por ter conseguido avançar com a “Obra do Século”! E festejar os 100 anos do clube nestas condições só está ao alcance de um grande clube como é o caso do Sporting de Braga.

Os grandes clubes europeus, que já têm receitas milionárias através dos contratos televisivos que assinaram, não querem perder tempo com esta necessidade educativa e estão dispostos a pagar bem caro esta formação exigida a cada atleta. Portugal pode e deve aproveitar esta situação e, com a inteligência dos seus treinadores e equipas técnicas existentes, formar muito bem atletas e conseguir, com isso, alimentar um fenómeno que já é muito mais empresarial que desportivo.

Podemos sempre afirmar que caso não houvesse essas transferências, os clubes portugueses teriam melhores equipas, seriam mais competitivos e com maior força internacional. Tudo isso é verdade. Mas, infelizmente, não temos nesta fase essa capacidade financeira de guardar os melhores e lhes travar a possibilidade de terem melhores condições de vida.

Se com essas transferências conseguirmos dar melhores condições financeiras ao clube de formação e aos atletas transferidos penso que o objetivo inicial das Academias de Formação é totalmente atingido.

Numa fase em que o Desporto e a Economia se associam num negócio de milhões, penso que o Sp. Braga teve visão para ser referência!


Autor: Ricardo Sousa
DM

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25 julho 2017