Há muito que se fala que uma 3ª Guerra Mundial iria estar breve e julgo que surgiu da forma como menos esperávamos. Um vírus invisível e desconhecido vai colocando o mundo inteiro a viver um cenário que só nos faz recordar as histórias, filmes e documentários do tempo das guerras. Não digo isto de forma pessimista, antes pelo contrário. Temos de ter plena consciência do que vivemos e procurar a informação mais fidedigna possível para podermos adoptar comportamentos adequados às exigências do momento. Só assim o Homem se vai construindo e vencendo os desafios que o tempo lhe traz.
A nós cabe-nos viver este tempo de “guerra”, mas com contornos um pouco diferentes. Não nos é pedido que encontremos abrigo perante a iminência das bombas que poderão surgir a qualquer momento nem que se vá para as trincheiras defender o território. Estes últimos são substituídos por todas as pessoas que nestes dias estão a trabalhar nos hospitais e instituições sanitárias, não esquecendo que já antes desta pandemia tinham outros doentes que continuam a necessitar de cuidados e proteção. Além disso, temos uma segunda linha de combate, todos os que mantêm os serviços mínimos para o funcionamento de supermercados, farmácias, limpeza de ruas, etc e muitos outros que pela natureza da sua profissão não podem deixar de se deslocar para o trabalho. Aos restantes, é-nos pedido que a batalha seja travada dentro das nossas próprias casas. Locais onde raramente estamos com tempo, pois todos vivemos no estilo de vida “Grab & Go” que foi sendo imposta na sociedade e que todos nós fomos aceitando de forma mais ou menos consciente. Hoje lia uma frase de uma psiquiatra espanhola, Marian Rojas Estape, que quero nunca perder de vista durante estes períodos que vivemos e iremos viver: “Este vírus chegou para nos transformarmos psicológica, emocional, pessoal e socialmente”. E é por isto que tenho Esperança. Se cada um de nós travar esta batalha com o empenho, esforço, criatividade e serenidade necessária nas suas circunstâncias pessoais, venceremos. Não só a COVID-19, mas outros tantos males que nos têm atacado e que agora podemos aliviar. Falo de valores como a convivência familiar, a solidariedade, o sentido de comunidade, o cuidado do outro que agora parecem sobrepor-se a comportamentos como o consumismo, o egoísmo, o individualismo, a indiferença, a profissionalite, a necessidade de ter e de sobressair, etc.
Temos várias opções perante esta batalha. Ou a vivemos resignadamente como se não tivéssemos outro remédio e tudo irá passar ou empreendemos a luta e tentamos tirar partido dela para realmente a vencer. Para isso vamos olhar para os que temos à nossa volta e cuidemos deles do modo que nos seja possível (e aqui a criatividade de utilização das tecnologias não tem limites), vamos reaprender a conviver com os que vivem debaixo do mesmo teto, mas raramente se encontram em casa durante muito tempo, e todos sairemos reforçados desta guerra. Paremos e pensemos em todas as coisas que nunca temos tempo porque estamos sempre cheios de compromissos profissionais e sociais e pensemos se agora que tivemos de cancelar a maioria deles não podemos fazê-las (mesmo que digitalmente). Em 1940, Churchill dirigia-se a um povo em plena 2ª guerra mundial com a célebre frase: "Não tenho nada a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor". E assim foi…mas venceram! Julgo que não podemos ignorar que estes não são nem serão tempos fáceis, mas tenho esperança que este tempo nos dê a resiliência que necessitamos para depois enfrentarmos esses períodos. A resiliência costuma crescer nestes períodos mais exigentes e é isso que me dá Esperança. No fim, teremos famílias mais unidas, empresas mais socialmente responsáveis, comunidades mais agradecidas e sobretudo seremos todos mais Humanos, característica que julgo que temos vindo a perder. A COVID-19 só vencerá se não aproveitarmos estas exigências para crescer como pessoas e sociedade, mas por tudo o que refleti, sei que iremos vencer!
Autor: Teresa Margarido Correia