Ora, parafraseando um ex-Presidente da República portuguesa, também direi que há mais vida para além dos folguedos. Vida como aquela que vemos passar diariamente nas páginas dos jornais e que muito afetam, pela positiva, o dia a dia das pessoas nas terras a que dizem respeito. Existindo uma preocupação crescente dos seus autarcas em criar, reparar e melhorar a sua rede viária. Coisa que não vejo acontecer nesta bimilenária "cidade dos Arcebispos".
Refiro-me, exatamente, ao conserto de alguns acessos bracarenses, de entre os quais a variante de Real – até ao Pópulo – em constante degradação, a qual, se nada for feito para lhes retemperar o fulgor de outrora, não haverá alcatrão que chegue nas Infraestruturas de Portugal para refazer o seu tapete betuminoso.
E para quem anda distraído, cito o exemplo de Guimarães que está a investir mais de 20 milhões de euros para melhorar a mobilidade. Mas não só, pois Viana do Castelo lança um concurso de obras no valor de alguns milhares de euros em estradas e caminhos municipais, levando a uma intervenção de fundo na rede viária municipal, que deve estar concluída antes do verão. Contando com a generosidade dos empresários vianenses, que ofereceram 3500 árvores para reflorestar cerca de 7 hectares de área ardida no verão passado. Tendo, logo ali ao lado, Arcos de Valdevez onde vão ser investidos 2M€ em vários troços de sua rede viária.
Depois temos os autarcas e empresários do Alto Minho a reclamarem do Governo o prolongamento da A28 até Valença, cuja extensão é de 30Km. Uma “ação” reivindicativa demonstrativa de força, em articulação com as áreas empresariais daqueles concelhos, exigindo infraestruturas rodoviárias decentes, que não só valorizem aquelas áreas empresariais, como também permitam a criação de um grande polo industrial na zona sul do concelho de Valença, que dê forte contributo à exportação. Sendo dignos de registo os 155 M€ destinados a projetos de natureza infraestrutural, provenientes dos fundos europeus 2020.
Poderia estar aqui a elencar, para além de outros, os exemplos do Porto, Gaia, Famalicão, Barcelos e até Vizela, com investimentos nas infraestruturas rodoviárias que envolvem e dão acesso ao perímetro urbano. Bem como todas aquelas que, uma vez melhoradas, facilitem a mobilidade do tráfego em condições de segurança.
Uma grande cidade é um produto eternamente inacabado. Tem que, forçosamente, estar sempre em obras, quer elas sejam de raiz, manutenção ou de melhoramentos nos seus arruamentos, passeios, jardins, quer a nível funcional ou estético, bem como de todo o património edificado. De forma a estar em perpétuo movimento na mão do homem a fim de que os seus tesouros, legados da antiguidade, não se despovoem e morram. E não apenas bafejada com um sibilante propósito obreiro em ano eleitoral.
Esta bimilenária Bracara Augusta merecia mais e melhor. Com uma área urbana implantada em solo plano – embora com algumas artérias nem sempre bem traçadas pelo anterior executivo municipal –, Braga poderia ter sido um primor; um verdadeiro exemplo de bom gosto e onde circular não fosse uma aventura. Como aquela que a atual edilidade resolveu circunscrever para o centro histórico bracarense, inadequada às suas fragilidades, em que farão das suas empedradas ruas a pista de um rali automóvel. E ainda que seja o melhor do mundo, só revela que a “bolha” de sensibilidade está desfeita.
Autor: Narciso Mendes