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Bloco desconceituado ou talvez não?

Não se pretende politizar o tema em apreço, somente refletir como de herói transita rapidamente ao perfil de vilão, de acreditado a desconceituado ou de agrado a decepcionado. A pouco mais de um ano para as eleições legislativas, o desenlace de Robles danificou gravemente toda a linha ideológica defendida pelo Bloco de Esquerda, não valendo de nada a falida intervenção da líder bloquista em defesa de um facto condenado à verdade e aludido à clarividente falsidade comportamental do desempenho do ex-vereador da Câmara Municipal de Lisboa, no cerne das suas teses sobre a problemática situação da habitação social ou arrendatária. Notícias vindas a público sinalizam o BE numa acentuada descida na intenção de votos em prol do Partido Socialista no caminho da renovada maioria e do Partido Comunista, reconquistando o eleitorado perdido a favor dos bloquistas. Catarina Martins, ingenuamente e a querer lançar poeira para os olhos dos portugueses e ao estilo de Trump, a acusar a maledicência da comunicação social, dirigiu da pior maneira uma situação perfeitamente irreversível ao que era apregoado no parlamento sobre o impacto negativo que incide na população portuguesa no âmbito dos elevados preços de arrendamento e escassez da habitação social, como oposição e bem, ao negócio chorudo do fenómeno da “epidemia” espalhada por todo o país do alojamento local (AL). Robles, uma personalidade de relevo na militância do Bloco de Esquerda, destacando-se pela crítica consistente na especulação imobiliária e forte opositor no AL, caiu na profecia da desgraça quando foi descoberto que era proprietário de um imóvel de elevado valor patrimonial e destinado a ser vendido como um excelente investimento, precisamente para fins de alojamento local, contrariando o que defendia com “unhas e dentes”, deixando o seu partido em maus lençóis, caindo para quase 8% as intenções de voto de um eleitorado fidelizado aos princípios politicamente implementados pelo BE, especialmente em matéria no parque habitacional. Nestas andanças da imprevisibilidade em nome da descoberta da verdade, costuma-se dizer que os “cavalos também se abatem”. O que era bandeira do Bloco de Esquerda, e reunia o consenso aliado à simpatia de um eleitorado agradado pelas posições bloquistas em defesa dos superiores interesses dos cidadãos mais desfavorecidos, foi por “água abaixo”. Mas, não julguem que a queda do Bloco é a única a marcar a “rentrée” desaproveitada pelo Partido Social Democrata. Devido ao permanente conflito interno de Rui Rio com os seus militantes, gerando uma plausível queda abrupta nas intenções de voto de 24,1%, e de acordo com o barómetro da sondagem da “Aximage”, o PS que no passado conquistou 43% do eleitorado, posiciona-se aproximadamente na base dos 39% da intenção de votos do eleitorado para as próximas legislativas, muito distante da maioria absoluta. O BE, terá uma árdua tarefa de convencer os seus aliados que o caso de Robles foi um episódio isolado e infeliz. Terá que dar provas concludentes rejuvenescidas para anular um “divórcio” litigioso com todos os cidadãos simpatizantes, da propagação reforçada das suas ideias e princípios e a determinação dos preceitos políticos eclodidos por outros partidos ausentes na solidariedade das dificuldades sociais, económicas e institucionais dos portugueses, mérito este que tem vindo a ser assumido embrulhado de facetas controversas e turvas, nem sempre atendíveis à satisfação dos seus apoiantes.
Autor: Albino Gonçalves
DM

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10 setembro 2018