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As consequências funestas do descontrolo das emoções humanas

O homem moderno, mais que o de outras gerações, não tem sabido aproveitar a magnitude dos seus sentimentos e a amplitude dos seus conhecimentos. Uma grande parte dos avanços científicos e tecnológicos tem sido utilizada mais em prejuízo da própria humanidade do que em seu benefício. Basta refletir um pouco nas consequências funestas de uma distorcida aplicação da indústria bélica.

Outra descoberta dos nossos dias e que trouxe infinitos benefícios para todos nós foi a tecnologia comunicacional. No entanto, devido ao seu uso desmedido, mórbido e anárquico tem causado enormes maleitas, (muitas vezes, irreversíveis) para o próprio utilizador. Os telemóveis assumiram uma faceta de praga humana, porque, com muita frequência, não têm sido devida e equilibradamente usados.

O ser humano nunca poderá considerar-se completo se não tiver sabido selecionar e aperfeiçoar as suas emoções, as sua tendências e os seus ímpetos. A gestão da emoção é a base de qualquer treino psíquico: profissional, educacional e interpessoal. Até mesmo na linguagem e na psicopedagogia desportiva, se ouve, constantemente, afirmar (e muito bem) que as competições se ganham primeiramente na mente.

Uma pessoa rígida, impulsiva, tímida, fóbica, pessimista, ansiosa e de baixa autoestima pode, facilmente, bloquear o seu desempenho. A emoção está não só na base do registo da memória, mas também na abertura (ou no encerramento) das suas janelas de alerta.

Quando a emoção provoca o encerramento dos alertas da memória, impede o Eu de aceder, numa situação estressante, a milhões de dados, o que compromete o raciocínio global. Treinar e proteger as emoções é primordial. As armadilhas existentes na mente são muitas e complexas, pelo que, uma grande parte dos seres humanos corre o risco de levar os seus conflitos para o túmulo. Aliás, muitas caraterísticas doentias da personalidade humana são dificilmente remediáveis pelo facto de se tornarem imutáveis.

É possível, no entanto, reeditar as janelas da memória ou construir novas plataformas de janelas saudáveis, uma vez que todos os segredos da personalidade estão guardados na memória. O resgate de muitos dos dados da memória é possível por meio de novas janelas. Embora o tempo seja um carrasco do corpo e inevitavelmente o debilite, o território da emoção deve conservar-se sempre jovem, utilizando as armas da curiosidade, da pro-atividade, da aventura, da motivação e dos sonhos.

Educar o Eu para exercer os vários papéis vitais como responsável da mente, equipar e proteger a emoção para ser saudável, profunda, estável e contemplativa, gerir os pensamentos para aquietar a ansiedade e libertar a criatividade são alguns dos elementos que constituem o mais admirável de todos os treinos emocionais.

Quem quiser melhorar os seus condicionalismos externos tem de começar por aperfeiçoar os internos. Quando as coisas não estão a correr bem, há algo em nós que nos alerta para essa situação e nos tenta levar para a sua respetiva correção. Às vezes, temos que pensar longo tempo para perceber a raiz dos desvios a fim de descobrirmos o erro e saná-lo. E, quando o resolvemos, recuperamos a quietude, a alegria e a felicidade.

Hoje em dia, a maioria das pessoas anda atarefada numa rodopio, com a cabeça atafulhada de muitas ideias desconexas e repleta de passatempos, procurando prazeres atrás de prazeres tão efémeros que nunca satisfazem plenamente o homem e que acabam por se esfumar com rapidez.

O homem continua a ser um eterno insatisfeito quando se limita ao hedonismo imediato e às suas indesejáveis consequências. Quando alguém começa a conhecer-se verdadeiramente a si próprio passa a viver melhor.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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26 abril 2018