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ARQUIDIOCESE DE BRAGA: Passagem de testemunho – Um livro com um novo capítulo

A Arquidiocese de Braga tem outro Arcebispo que acaba de assumir o serviço episcopal numa diocese com mais de mil e quinhentos anos e inúmeros arcebispos. Uns foram santos – S. Martinho de Dume, S. Frutuoso, S. Geraldo ou S. Frei Bartolomeu dos Mártires para não citar o controverso S. Pedro de Rates. Outros foram guerreiros combatendo por Portugal como Dom João Peculiar ou Dom Lourenço Vicente. Outros destacaram-se com grandes urbanistas como Dom Diogo de Sousa ou Dom Rodrigo de Moura Teles. Outros destacaram-se pelo exercício da Caridade como Dom Frei Caetano Brandão e santo “ bracarense”, Dom Frei Bartolomeu dos Mártires. Braga teve Príncipes e homens do povo como seus Arcebispos. Conheci Dom António Martins Júnior, que me crismou , Dom Francisco Maria da Silva, lutador e como tal com grandes amigos e grandes inimigos, um Homem íntegro. Guardo boa memória deste Arcebispo que, por vezes, tinha reacções um pouco primárias. Depois trabalhei intensamente ao lado e seguindo um grande Senhor que foi Dom Eurico Dias Nogueira e de quem guardo a melhor recordação. A seguir trabalhei, concordei e discordei, de um Homem sabiamente humilde e de quem aprendi muito pela sua simplicidade. Refiro-me ao Senhor Dom Jorge Ortiga, que agora é Emérito ainda que mantenha muita vitalidade. Não tenho saudades deste Arcebispo pois ainda o temos connosco e sei que podemos contar com ele. Eu conto para me escutar e aconselhar. Desculpem-me os leitores que vos diga o meu pensamento sobre a minha arquidiocese velha e sempre nova, onde os Arcebispos, desde o possível Dom Pedro de Rates, foram escrevendo um livro que nunca acabaram e em que todos acrescentaram um capítulo novo com a sua “caligrafia da alma, do seu ser e agir”. Este livro chegou até nós incompleto pois está sempre a ser continuado. Chegamos dia 12 deste mês a um novo “escritor” deste velho livro que é a minha diocese: Dom José Cordeiro. Obviamente que, pessoalmente, não espero que o livro de que falei acima, continue a ser escrito no mesmo tom e do mesmo modo. O Senhor Dom José terá uma tarefa imensa mas sei que o Espírito Santo e Nossa Senhora do Sameiro nunca o abandonarão. Os “sinais dos tempos”, neste hoje, está cheio de desafios onde é necessário “ouvir” o mundo” para o evangelizar, o transformar para melhor. O meu Arcebispo tem experiência episcopal e tem sabedoria para levar a cabo uma tarefa nada fácil face à indiferença dos homens deste tempo para os quais o que conta é o efémero, o prazer imediato, a falta de respeito pela dignidade da pessoa humana, desde a concepção até à morte natural, um tempo que quer promover a morte a um direito humano; tem pela frente a tarefa de continuar a promover e defender com tenacidade, coragem e limpidez de linguagem a Família tal como Deus a concebeu; tem a ingente tarefa de ajudar os cristãos e todos os homens de boa vontade a verem e lutarem contra a ditadura do pensamento “woke”, cada vez mais presente do nosso quotidiano e que exerce uma feroz censura sobre quem pensa diferente do “politicamente correcto”; tem pela frente ajudar os cristãos e todos os homens de boa vontade a saber colocar a Ecologia no seu lugar como obra de Deus e de nos ajudar a saber que quando tiramos Deus da centralidade das nossas vidas, haverá sempre ídolos a ocupar o lugar que quisemos vazio de Deus; e será, creio bem, uma grande preocupação do Senhor Dom José, reeducar os cristãos para o sentido da adoração ao Senhor escondido nos sacrários em tantas igrejas fechadas. No início do seu serviço episcopal em Braga não ouso aconselhar o meu Arcebispo! Não tenho “lata” para tanto. Mas tenho o direito de lhe dizer onde estão algumas das minhas preocupações maiores e para as quais anseio respostas do meu Arcebispo. Com ele quero caminhar como cristão em comunhão com o seu Pastor. Pode crer o meu novo Arcebispo que rezarei por ele mas que não esquecerei, nomeadamente, o seu antecessor. P.S. “ The last but not the least” : Senhor Dom José, se ler este meu artigo, peço-lhe que alavanque o Rito Bracarense, património imaterial desta Arquidiocese!
Autor: Carlos Aguiar Gomes
DM

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17 fevereiro 2022