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Antes que o Boato seja Lei

Sou pouco de ligar a boatos e muito menos de os comentar, mas chegou-me aos ouvidos, por fonte mais ou menos fidedigna, que o actual executivo planeia proibir a circulação de bicicleta na zona pedonal de Braga. Tendo em conta a gravidade da situação, decidi partilhar a minha opinião (que é para isso que serve este espaço) na sincera esperança que tenha de me retratar no futuro e dizer “peço perdão, era mesmo um boato maldoso”. Nunca consegui entender a aversão que existe para com os ciclistas, mas é uma coisa que é por de mais evidente. Os automobilistas exasperam quando têm de andar no centro urbano a velocidade reduzida porque a bicicleta vai “devagar”. Os peões odeiam quando uma bicicleta se passeia pela zona pedonal, mesmo que com muito cuidado, muito devagar e contornando as pessoas e saltam logo com um grito “as bicicletas são para a estrada!” Apesar de o uso da bicicleta ser um meio de transporte amigo do ambiente – não causa ruído nem emissões –, seguro – também não causa acidentes com feridos graves – e económico, apesar de todos os fóruns mundiais de mobilidade e do ambiente louvarem este meio e o colocarem no pedestal como o meio de transporte urbano do futuro, ninguém em Braga o quer ver pela frente e isto, para mim, é muito estranho! Por outro lado, não vejo o actual executivo, os automobilistas e os peões a bradar aos céus com os mil carros que circulam e estacionam na zona pedonal, às vezes transformando praças históricas em parques de estacionamento, como acontece frequentemente com o Rossio da Sé ou o Campo da Vinha. Também não vejo ninguém a reclamar dos excessos de velocidade que todos os meses causam feridos e mortes naquela “autoestrada” que atravessa a nossa cidade. Nem ninguém a chamar a polícia para multar os imensos carros que estacionam nos passeios obrigando os peões a circular no paralelo. A confirmar-se o boato de retirar a circulação de bicicletas na zona de pedonal, torna-se absolutamente evidente de que Braga é e sempre será uma cidade desenhada por automobilistas e para automobilistas e garanto-vos, caros leitores, o futuro já não é por aí. Boas festas!
Autor: Helena Gomes
DM

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23 dezembro 2017