twitter

Alternativa? Não há.

Ora, não é preciso ser genial – nem autarca erudito – para perceber que a principal via de escoamento de tráfego, em que se transformou a Avenida Dr. António Macedo, está a rebentar pelas costuras. Dado que na altura da sua abertura se constituía numa espécie de “VCE” (via circular externa), hoje, não só devido ao exponencial aumento de tráfego, mas também pelo crescente urbanismo verificado à sua volta, está transformada numa “VCI” (via circular interna). Pelo que urge tirar o projeto da gaveta, se o houver, sacudir-lhe o pó, pô-lo em cima da mesa, estudá-lo e alterá-lo se necessário for, para que a capital do Minho tenha uma opção que satisfaça as suas mais nobres aspirações a cidade de topo nacional.

É que mesmo que a alternativa à congénere via atual chegasse hoje já viria atrasada uns bons dez anos ou mais. Dado que se medirmos o espaço de tempo que separa a vontade expressa pela anterior edilidade e a atual situação de quase saturação a que ela vai chegando, pode considerar-se uma eternidade. Sobretudo quando surge um acidente, uma avaria ou uma situação de trabalhos na estrada, instalando-se o caos em praticamente todas as ruas da cidade. Basta vermos o que se passa em Infias quando isso acontece. Com todos os prejuízos e inconveniências que daí resultam não só para os cidadãos, mas também para a economia da nossa Bracara Augusta.

Este equipamento, que não vejo sequer ser pensado, discutido ou, pelo menos, aflorado pelo Executivo Municipal, faz todo o sentido passar a sê-lo, se pretende ter um concelho desenvolvido. Ou seja, reunindo condições para quem pretenda investir e, ao mesmo tempo, atrair pessoas que encontrem bons motivos para nele viverem. Caso contrário, todos quantos necessitem de se deslocar, quer por afazeres profissionais, pela necessidade de acesso aos serviços públicos ou, até mesmo, de comprarem no comércio tradicional, que já viveu melhores dias, verão goradas as suas pretensões pelo imprevisto das demoras. O que, francamente, nada abona a favor do tão pretenso lugar cimeiro.

Pouco importará saber se é incómodo para o atual edil ler quem escreve sobre assuntos que, porventura, ainda não estarão na sua agenda. Porém, entendo que até deveria estar grato a quem o faz pelo contributo dado ao – tão apregoado – sentido participativo dos bracarenses. É que também se torna muito custoso – para um munícipe – ler sobre as preocupações dos autarcas portugueses, sobre questões rodoviárias, enquanto em Braga impera o silêncio. Lamentando ter de citar, como exemplo, o de Gaia, que tendo aberto novas vias alternativas ainda prevê gastar, este ano, 5 milhões de euros em estradas. Isto, apesar de já ter abatido 60 milhões de euros à monstruosa dívida herdada, ironia das ironias, da gestão do PSD.

Seja competência do “MPI” ou da “CMB”, o certo é que estamos sem alternativa para que muito do trânsito que se vai fazendo pela tal avenida, por inúmeras rotundas, cruzamentos e autênticas ruelas – diga-se, com alguma degradação – se desvie do burgo e flua. Sendo urgente uma intervenção profunda em alguns pisos, para que os tão almejados autocarros “novos” se não desgastem rapidamente.

Por último, direi que foi importante Braga ter sido escolhida “Cidade Europeia do Desporto 2018”. Só é pena que algumas acessibilidades não façam jus a tão elevada distinção. Ou como diria o célebre sapateiro de Braga: “de que adianta termos um fato elegantíssimo se temos os sapatos rotos?”.


Autor: Narciso Mendes
DM

DM

13 fevereiro 2017