É um quebra-cabeças, difícil e complexo, estabelecer uma visão universal e um poder beneficamente congruente entre estas duas dimensões: as forças estatais e as forças eclesiásticas, relativamente ao âmbito e à especificidade de relações, quando estas, por diferentes motivos, optam por diversos e exclusivos níveis de insistência nos fatores existenciais.
Vou tomar, mentalmente, por relações, o conjunto dos motivos, das necessidades, das emoções, dos desejos e das aspirações, que vão estimular a deflagração dos nossos relacionamentos, ao cobrirem todas as nossas estruturas cognitivas, sentimentais, dinâmicas, comportamentais, motivacionais e emocionais, geridas com consciência crítica pela pessoa, consigo mesma, com o seu meio ambiente (externo e interno), com o outro (o social), com toda a existência ( em quaisquer níveis e circunstâncias), com a essência do seu ser ôntico e com Deus.
As relações, que especificam todos os nossos relacionamentos transcendentais, com tudo o que nos circunda, são as do amor, verdade, justiça, sabedoria, felicidade, beleza, paz, piedade, perdão, compreensão, aceitação… entre outras. Nenhuma destas relações falha em universalidade. Todas superam as fragmentações, os isolamentos, as roturas. Todas são uma e uma são todas no âmbito da unicidade. Todas são inerentes e inatas á nossa ôntica natureza, por Deus criada à Sua imagem e semelhança. São o espelho de Deus.
As relações que especificam os relacionamentos estabelecidos no âmbito da vida existencial são subjetivas, individuais, interesseiras ao grupo, contingentes, instáveis, dominadoras, capciosas, fraudulentas. São vampiros da sociedade. São contrastantes…
O autêntico e verdadeiro humanismo, o universal bem, usufruído, imperativamente, por todos os homens, nasce de todas estas sementes que enchem o ovário da nossa ôntica natureza, a alma mater de todo o humanismo: a verdade, o amor, a paz, a felicidade, a compaixão, a misericórdia, a fraternidade…,bem como a sua integração, conexão e sintonização no transcendental ser humano, através da solidarização, cooperação, colaboração, abertura e aceitação do Transcendente.
O que acabei de referir ressuscitou da sepultura da minha memória aquilo que a minha atenção cultivou, com todo o esmero: o colóquio entre o Cardeal Secretário de Estado do Vaticano, de visita à Rússia, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia. Frisou o Cardeal Parolin:” A Santa Sé não pode identificar-se com nenhuma posição política, mas chama a atenção para a aderência a princípios do direito internacional, cujo respeito é imprescindível tanto para proteger a ordem e a paz mundial, como para recuperação de uma só atmosfera de respeito recíproco nas relações internacionais”.
Nota-se, aqui, com toda a evidência, um certo antagonismo de posições entre a Santa Sé e as forças políticas. De onde deriva, entre eles, este desajustado antagonismo? Certamente, falo eu com o papo cheio, deriva da adesão fagueira da insistência desajustada da alma mater de todo o humanismo, que tudo supera no sentido da vontade de Deus e da verdadeira salvação da vida existencial de toda a humanidade.
Autor: Benjamim Araújo
Ajustamentos nº 290: A alma mater de todo o verdadeiro humanismo, o bem universal
DM
13 dezembro 2017