Foi uma medida acertada, prevendo o futuro do imediato ao curto prazo, que se traduziu na objetividade e na maior valia, que hoje representa para o Norte do país o Aeroporto Sá Carneiro, decisão contestada ao tempo dentro do avassalador centralismo de Lisboa.
No referente à solução para Lisboa, colocaram-se diversas alternativas, região da OTA e mais tarde Rio Frio (Alcochete), tendo-se realizado imensos estudos de natureza diversa para se encontrar uma solução, que devia ser célere, para haver uma antecipação às necessidades previstas para o incremento turístico de Lisboa, assim como para solucionar, a curto prazo, as carências aeroportuárias mais que evidentes, para a capital do país, assim como para as vilas e cidades abrangentes, quer concelhias, quer distritais.
Ao tempo, em 1999, e posteriormente, foram-nos solicitados pareceres, como Presidente da Associação Portuguesa de Geólogos, para Estudos de Impacto Ambiental (EIA) sobre a instalação do aeroporto na OTA, cujo projeto não se concretizou e, mais tarde, para Rio Frio (Alcochete), a sul do rio Tejo, que também originou imensos pareceres e estudos técnicos. Ambos, por motivos de ordem diversa, por falta de decisão política ou governativa, nunca tiveram seguimento e o país gastou milhões de euros em projetos preparatórios. Com as indecisões, falta de visão para o futuro, e ausência de coragem decisória, que era necessário tomar atempadamente, ter-se-ia evitado a situação complexa do tráfego aéreo na atualidade.
Ao darmos o parecer para o EIA, quer para a OTA, quer para Rio Frio, dentro do impacto ambiental, afirmou-se que, face às condições económicas do país e tendo em vista os avultados investimentos, com as previsíveis consequências de natureza logística, rodoviária e ferroviária, e considerando o futuro do incremento turístico, que se deveria optar por manter o Aeroporto da Portela para os voos de longo curso e Montijo para os de médio curso e domésticos, prevendo-se de futuro os low cost.
Entretanto vários governos de ideologias políticas diferentes dirigiram o país, e o problema arrastou-se, permanecendo as indecisões. Passados 20 anos quase tudo está na mesma e o aeroporto de Lisboa atingiu a saturação do tráfego aéreo, verificando-se, progressivamente, a perda de turistas, com as demoras nas partidas e chegadas dos aviões, com as consequentes listas de espera ou demora excessiva nas formalidades de embarque, verificadas atualmente, com prejuízos já mensuráveis em quantidade e qualidade, que podem vir a afetar o turismo de imediato ou a curto prazo, pois traduz-se numa das principais fontes de receita para o país.
Portugal precisa de ter em lugares da Administração Pública pessoas experientes, com sentido de visão futura e com capacidade de decisão, para alavancar o crescimento económico e o desenvolvimento do país, que sofre as consequências da inexperiência de grande parte dos dirigentes e da falta de continuidade em projetos que deviam prosseguir, independentemente do governo em exercício ou do arco partidário da governação. Aponta-se como exemplo presente o Dr. Francisco George, diretor-geral da Saúde.
Afirmou recentemente o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Dr. Pedro Marques, que Portugal perdeu no primeiro semestre 400 000 turistas, prevendo-se até ao fim do ano mais dois milhões, como consequência da insuficiência de infraestruturas do aeroporto de Lisboa, já em plena saturação, devido ao incremento do turismo em Portugal, que está a contribuir fortemente para o crescimento do PIB e consequente emprego.
Imagine-se, passados quase 20 anos, iniciou-se o lançamento de projetos para a reestruturação do aeroporto de Lisboa (Portela/Sá Carneiro) e tendo como Montijo o apoio complementar aeroportuário, já abordado pelo secretário de Estado do anterior Governo, Dr. Sérgio Silva Monteiro, cuja implementação devia estar executada e as ligações aéreas não seriam afetadas, com as respetivas consequências para a economia do país e do seu desenvolvimento.
Autor: Bernardo Reis