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A propósito da Imaculada Conceição

Uma tradicional devoção da Igreja convida os fiéis, entre o dia 30 do mês passado – por sinal, comemoração de St. André, Apóstolo – e o dia 8 de Dezembro, que é profundamente mariano, a fazer a Novena da Imaculada Conceição. Cada fiel, ou pessoalmente, ou integrado em alguma iniciativa comunitária, prontifica-se a ter o seu pensamento e a sua vida muito unidos a Nossa Senhora. A Mãe de Jesus a todos protege com o seu amor maternal cheio de delicadeza, cuidados e dedicação, porque, já perto da morte de Cristo no Monte Calvário, foi incumbida por Ele de, a partir daquele momento, tratar todos os homens como seus filhos, através de uma maternidade universal. Não foi uma ordem, mas um convite, porque Cristo conhecia bem o coração da sua Mãe, incapaz de não atender uma solicitação tão carinhosa, e, por outro lado, porque Maria, como todo o ser humano, foi criada à imagem e semelhança de Deus, isto é, com liberdade para aceitar ou não aceitar uma proposta que lhe seja feita. Aquilo que Jesus lhe sugere não é uma tarefa fácil, porque há uma diferença essencial, nos cuidados sempre amáveis de uma mãe, ao tratar e educar um filho rebelde, desobediente e, por vezes, malcriado e mal agradecido, ou um filho santo no mais alto grau. Nossa Senhora, na pessoa de João Evangelista, que talvez a tenha acompanhado ao Calvário por sugestão de Maria para dar uma alegria ao Filho, abandonado por todos os discípulos desde o começo da sua Paixão, não hesita e compreende que nesta solicitação de Cristo, há mais um lampejo da sua infinita misericórdia, no sentido da salvação de todos nós. Pressente que Jesus decerto recordando todo o bem que a Sua Mãe lhe tinha feito, sob o ponto de vista humano, com as solicitudes familiares que Lhe dedicou – o seu exemplo de afabilidade e de exigência, o seu carinho e a sua vida de entrega completa ao que Deus lhe pedia a cada momento –, se fosse também compartilhado pelos seus irmãos, os homens, poderia tornar-se em mais um meio muito eficaz para a sua salvação. Ela aceita e, desde então, primeiro com João e os apóstolos, torna-se uma companhia e um ponto de referência fundamental. Quanto não se deverá a Maria Santíssima que os seguidores mais próximos do Messias O não tenham abandonado por completo, ao contemplar o rosto de Mãe de Jesus, alguma palavra de ânimo que dissesse, ou um gesto simples e delicado, que tanto lhes lembrava o Mestre. E quanto não terá rezado e implorado para que o teimoso e caturra Tomé, não se afastasse de vez daquele grupo de homens simples e amedrontados, ao qual, no entanto, já Cristo tinha aparecido, depois de ressuscitado, como prometera. O seu trabalho maternal não se limitou a João, mas a todos, como Jesus lhe tinha sugerido. E não fiquemos invejosos ou despeitados pelo facto de Cristo ter escolhido para Si uma Mãe Imaculada, ou seja, isenta do pecado original, que os nossos primeiros pais transmitiram a toda a sua descendência. Recordemos que o Messias prometido é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é Deus que Se fez Homem para nos redimir. Pôde, por isso, escolher a melhor Mãe para Ele. Mas as nossas mães são criaturas de Deus, que surgem na vida por um chamamento divino e com uma missão que Deus lhes sugere, respeitando a sua liberdade. Não vêm à vida por acaso. Nela – na missão referida – se compreende a nossa concepção, o nosso nascimento e, enfim, todo o zelo que uma mãe tem para com os seus filhos. Ou seja, a nossa mãe foi escolhida por Deus para ser, em concreto, a nossa mãe. Não é a nossa mãe por acidente, mas por vontade de Deus, que escolhe sempre o melhor. Por isso a amamos tanto e tantos a admiramos por todos os sacrifícios e provas de amor que nos deu ao longo da nossa vida. Cristo foi mais longe na sua misericórdia para connosco. Ao fazer da sua Mãe, nossa Mãe, quis partilhar gostosamente connosco a maternidade de Nossa Senhora, dando-nos, com infinita generosidade, a melhor das Mães, a mesma que Ele escolheu para Se tornar homem. Procuremos, assim, preparar da melhor maneira a solenidade da Imaculada Conceição. Destaque Procuremos, assim, preparar da melhor maneira a solenidade da Imaculada Conceição.
Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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3 dezembro 2017