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A personalidade e o meio ambiente

Não é, por exemplo, de admirar que num ambiente alcoólico, 16% dos filhos correm um sério risco de virem a ser viciados em bebidas dessa categoria. O mesmo, salvas as devidas proporções, pode acontecer em relação à violência, à falta de educação e a outros tipos de comportamentos desviantes. Não nos podemos esquecer que continua a ter atualidade o velho aforismo que reza que “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Acresce ainda que os Meios de Comunicação Social dão uma ajuda prodigiosa para a contração dessas atitudes alienantes.

Eles noticiam e exploram até à exaustão os casos de violência, de assassinatos premeditados e gratuitos, de assaltos, de roubos, de desvios de dinheiro e de toda a espécie de corrupção. Como tantas vezes já se disse, são tão frequentes as faltas de respeito e de educação, bem como toda uma espécie de ditos irónicos e jocosos, tanto no meio familiar, como nas escolas e nas diversas atividades sociais. Daí até à assunção de outras atitudes mais graves vai um pequeno salto. Os pais não podem exigir respeito da parte dos filhos quando eles são os primeiros a dar o mau exemplo. Este ambiente acompanha os jovens na escola e na sociedade. Aliás, os próprios programas das diversas disciplinas escolares vão empurrando a juventude para essa onda de desvalores e de comportamentos inadequados. Infelizmente, não falta quem ajude as pessoas a deixar-se arrastar para esses tipos de procedimentos. O ser humano tende a agir de acordo com os valores que absorveu e interiorizou, como vimos. As várias atitudes, os diversos comportamentos, as conversas diárias, os escritos, as companhias preferidas e os locais frequentados são o espelho dos valores selecionados por cada um de nós.

É óbvio que precisamos de saber selecionar uma escala de valores bem definida e que esteja de acordo com a racionalidade e a dignidade humanas, procurando viver-se de acordo com eles. Nós, como seres inteligentes e livres, temos a capacidade de escolher os valores e a cultura que pretendermos. Por vezes é difícil, mas não impossível. Este princípio é a base da formação da personalidade humana. A partir daqui o homem tornar-se-á mais digno e justo.    

Uma das lições mais relevantes que temos de aprender e consolidar é a de nos podermos elevar humanamente, orientados pela razão que é a grande força impulsionadora das nossas atitudes. O homem, se não souber controlar os seus sentimentos e os seus impulsos, pode meter-se em toda a espécie de sarilhos e entrar por caminhos tortuosos de onde terá dificuldade de sair.

O que somos por dentro mostra-se por fora. Um rio começa por cavar um pequeno sulco que, pouco a pouco, se transformará numa grande conduta cheia de água corrente. As pessoas não se tornam rapidamente patifes, bêbados, ladrões ou viciados. Tornam-se gradualmente dependentes desses vícios por se deixarem ser vítimas da corrente de uma certa moda que os vai aliciando para os prazeres hedonistas efémeros e desinteressantes.

O espírito necessita de submeter-se a ideais nobres (sociais, morais e espirituais), até que as faculdades psíquicas se tornem a força dominante da vida humana. Assim, e só assim, poderemos alcançar uma vida melhor, mais elevada e cheia de uma verdadeira plenitude de valores.

 

Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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30 março 2017