É sobejamente conhecido que a polícia inglesa (de proximidade ou de rua) não usa à cintura um “catálogo” de “artefactos” intimidatórios, como é observado em Portugal e noutros países da União Europeia, desde a tradicional pistola de 9 mm, bastão, gás lacrimogénio, etc., precavendo-se apenas com algemas e um par de luvas.
As noites de boémia no Reino Unido dão muito trabalho à polícia. Fazem-se dezenas de detenções no período entre as 2h00 e as 5h00, destacando-se os desacatos por excesso de álcool, violência urbana, assaltos ou movimentos suspeitos.
Há duas formas de intervenção da National Police sobre o infrator: ou é advertido seguido de coima ou é remetido para a Police Station (posto policial). Nesse espaço, há dois caminhos diferentes, consoante o detido estiver envolvido num crime de média ou extrema gravidade ou não estiver em condições psíquicas e físicas para regressar a casa em segurança.
Em quase todos os casos, as detenções de pequeno delito nunca chegam às barras do tribunal. A polícia está dotada de competências para aplicar o valor da multa conforme a natureza da infração cometida, deixando para os magistrados os casos de maior saliência criminal.
No Reino Unido, o registo criminal tem um grande peso na obtenção de emprego, de apoio social ou mesmo na comunidade residencial.
A suspeita de um crime leva de imediato à condução da investigação, que é realizada sempre na presença de um advogado de escala (defesa), com câmaras CCTV no espaço onde é feito o interrogatório e com gravação de áudio das audiências com os investigadores.
Pelo que testemunhei, a abordagem da polícia para explicar os motivos da sua intervenção é feita com assertividade e com um trato de cordialidade, respeitando os direitos de cidadania do indivíduo abordado, sem qualquer evidência de arrogância ou prepotência.
Quando dois elementos policiais têm dificuldade em conter a resistência do infrator, em escassos minutos são apoiados por colegas em número satisfatório, debelando as ameaças à integridade física dos agentes da autoridade pública.
O apoio logístico à National Police no Reino Unido é um luxo comparativamente com a polícia portuguesa. São detentores de uma frota de automóveis das melhores marcas existentes no mercado, incluindo também a colaboração aérea, através do uso de drones e helicópteros.
Se um cidadão de um Estado-membro da UE for detido, a polícia inglesa é obrigada a contactar o consulado. Numa situação lamentável e bizarra, Portugal não faz parte da lista, como acontece aos cidadãos de Espanha, Áustria, Bélgica, Alemanha, Bulgária, Dinamarca, França, Eslováquia, Itália, Grécia, Hungria, Roménia, Suécia, República Checa e Polónia.
Existe a Comissão Independente para as Queixas contra a Polícia, para os casos onde é apontada a incorreção da National Police, um organismo interno e instituído nas próprias estruturas policiais, apelando às vítimas de maus-tratos que ajudem a identificar os polícias incorretos para que haja um procedimento disciplinar, que pode ir da advertência verbal à suspensão ou despedimento.
Autor: Albino Gonçalves