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A mudança não vai parar: Viva a Braga do menino Jesus do Pópulo!

Braga: futura capital cultural de toda a Europa! Mas que importa isso a um bracarense? Já se sabe que estamos no centro do mundo. E como em todo o olho do Universo, aqui professam-se os mandamentos mais sagrados da humanidade. Falemos pois de um desses mandamentos: a Democracia. Glorificada, louvada, benzida pelos poderosos. Ninguém fale mal da Princesa Democracia! A Joana, aquela do projeto, viu lágrimas no avô à custa do Salazar. E a mãe dela empunhou um cravo nesse Abril distante! A Joana sabe bem o valor da Democracia e não esquecerá as heróicas estórias dessa triunfante conquista. Por esse valentes destemidos há hoje fé na humanidade e Braga pôde abençoar-se da divina Democracia! Enjoados do sinal da cruz, tornou-se Deusa a Democracia. “Em nome do PSD, do PS e de todos os outros esquerdalhas. Avé!”. E para os pagãos que difamarem a Democracia: Fogueira! Hoje somos felizes. A Democracia substituiu o monopólio cristão. Jesus já não renasce todos os anos, mas antes de 4 em 4! E, por isso, vou contar-vos a história deste último Natal. O Zé do café e a Manuela do International colóquio decidiram não cear em família. Ora não ceando, não se pensa no Menino Jesus. Do Zé bem se sabe que a família dele é o pessoal do café. E a Manuela teve de preparar o próximo congresso. Porém a grande questão foi a do Xico. O rapaz não é para novas religiões! Ele é do Sporting de Braga. Mas o Xico não é parvo e sabe que o Menino também joga com o seu Braguinha! Por isso o Xico, que aprendeu a ler pelos nomes das camisolas dos jogadores, foi informar-se para o bem do Braga, Braga, Braga. Mais fácil seria começar por excluir os adversários. Mas a vida ainda se complicou mais! Afinal todos os Meninos apoiavam o Braaaga. Ora que poça! Fartou-se e decidiu escolher o último campeão. “Diferente não será!” Veio o Alberto e pensou: de que precisam as empresas? De leitinho, como os bebés para crescerem e crescerem! Ao contrário do Xico braguista, ele escolhe com antecedência. Fala com este e aquele, faz uns negócios, e é arguto para perceber que os Meninos Jesus também têm de cativar os Albertos. É como nos Morangos com Açúcar: aquele namorisco que diz que não gosta mas fica à espera do beijinho? Tipo isso. Por outro lado, a Maria, usando ainda termos cristãos, é uma verdadeira beata. Trabalha na Quinta das Portas e não tem tempo para pensar. Há sempre clientes e compras. Não há como parar. Porém, é a mais crente desta nova religião. Sabe muito bem quem escolher. Eles mudam de cara, mas como mantêm o vestidinho da mesma cor não há que enganar! Ou já se viu Católicos fazerem-se Ortodoxos e mais tarde virarem Protestantes? Ora pois! Resta-nos a Joana, a filha da revolução. Ela é o que se chama nestas novas ordens de “Insubmissa!” Vota no Jesus protetor do Zé e do Xico. Se eles não foram à escola foi por culpa do Salazar. A mãe explicou-lhe! Todavia a Joana parece ser a única que procura o Menino pelas ideias em que acredita. Mas, oh Joaninha, caramba, que ingénua! De revolução a tua mãe não teve muito para te ensinar. Então tu vais toda laroca, confiante nas tuas ideias, e não vês que não revolucionas nada desse jeito? Olha em redor: quantos vês decididos a votar segundo as inclinações do pensamento? Não será arrogância tua tomares-te desse platonismo em que os sábios vão ensinar o Novo Testamento? Oh, Joaninha. Tu votas convictamente, não é? Mas qual foi a essência que te converteu à nova religião? Não dizia a Democracia que colocaria no povo a decisão do seu futuro? Mas tantos que não quiseram saber! Outros escolheram por ambição pessoal ou por pura desmiolice. E depois restam os revolucionários como tu, que honestamente parecem ser os que menos entendem da realidade! Morreu também esta religião? Tal como a Cristã que se tornou para uns tão obsoleta ao se afastar das palavras desse jesus, também esta Democracia se institucionalizou demasiado, não? O que achas Joana? Ou continuarás, como todos, a santificar este caciquismo contraditório? Se nessa Democracia em que pregavam os evangelhos, se supunha que seria o povo a decidir, por que se transformou ela numa instituição onde o poder corre de cima para baixo em vez de fluir de baixo para cima? Talvez deveria ser essa a motivação de um verdadeiro revolucionário: a de “desinstitucionalizar” uma religião intocável e inquebrável. Não é essa a função de um revolucionário? De um… insubmisso?
Autor: Sebastião da Cunha
DM

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7 outubro 2017