Na primeira metade do século passado, como já o dissemos, Montessori causou uma revolução no mundo pedagógico quando falou dos períodos sensíveis da criança nos primeiros anos de vida, especificando que a educação consistia num desenvolvimento em que a criança era a grande protagonista. Afirmava ainda que o processo se inicia dentro da criança, enquanto o ambiente e o professor não passam de bons auxiliares e adequados facilitadores. “A causa transformadora e a guia da transformação é uma só: a criança.
O nosso objetivo é o de levar a personalidade da criança ao centro, deixá-la agir, permitir e facilitar a sua expansão livre e harmoniosa conforme a lei da sua própria vida.” (M. Montessori – Ideas generales sobre mi método, Losada, 1995, Buenos Aires). Embora com os exageros em que incorreu, esta teoria teve o mérito de ir contra a abordagem rígida, utilitarista e condutista do sistema educativo norte-americano que dominava na época. No entanto, no essencial, ela tinha razão ao criticar a educação puramente mecanicista, como já o dissemos no artigo anterior.
Apesar dos grandes progressos da pedagogia, da psicologia e da neurociência nos últimos tempos, ainda há alguns pseudo-educadores que veem no educando uma mera máquina que se pode manipular a nosso bel-prazer. São os agnósticos radicais, os materialistas empedernidos e os laicos paganizados. Para eles, as dimensões moral, ética e espiritual não podem fazer parte da aprendizagem da criança.
O cérebro desses arautos da aprendizagem não se desenvolveu harmoniosa e adequadamente, possuindo lacunas internas graves e irrecuperáveis. É por isso que, em cada contexto que se lhes afigura favorável para a expansão das suas ideias, aí surgem eles para as divulgar. Por exemplo, agora e a pretexto do centenário das visões de Fátima, aí vêm eles com os seus livros ou com os seus filmes, cínicos e canijerantes, onde difundem versões distorcidas dos acontecimentos, para espalharem a cizânia. Nem os sacrificados peregrinos pedestres escapam à sua mordacidade maldosa. Entretanto, a verdade continua a ser o caminho certo como aquele que os irmãos de Emaús seguiram depois de terem reconhecido o Mestre ressuscitado. Só a Transcendência triunfará para sempre.
Os estudos investigativos modernos confirmam que o segredo para obter uma melhor preparação para o progresso harmonioso na aprendizagem e para a formação de uma sã personalidade está na qualidade da relação da criança com os seus educadores, nomeadamente nos primeiros anos de vida. Do mesmo modo, a pesquisa sobre o afeto também sugere que a ação interpessoal colaborativa entre educandos e educadores, num ambiente adequado, é o segredo de um desenvolvimento saudável.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes