A operação de cosmética, ali levada a cabo pelo executivo autárquico socialista, liderado por Mesquita Machado, não foi, a meu ver, bem-sucedida, dado que a zona tem caraterísticas ambientais e físicas muito específicas; e, até, na altura, muitos munícipes anónimos que se me dirigiam classificavam o espaço como um cemitério, apesar da ausência de mausoléus, cruzes e epitáfios.
Depois, o arranjo floral escolhido – amores-perfeitos no inverno e cravos-xarope no verão – sempre pecou pela monotonia e prevalência cromáticas assim impostas; e o revestimento de lajedo abundante criou um ambiente meteorológico opressivo para qualquer espécie floral definida para o local.
Pois bem, seja qual for a razão do definhamento e morte que estão a acontecer aos amores-perfeitos, a atitude mais sensata e lógica que o executivo municipal, liderado por Ricardo Rio deve tomar será transformar o tal cemitério num verdadeiro jardim; e isto não será difícil, porque na Câmara Municipal há, com certeza, um engenheiro(a) paisagístico(a) e ambiental capaz de dar a volta à situação.
Até porque, para além das razões já apontadas, outra existe, e mais ponderosa e urgente, para uma intervenção rápida e de fundo: a razão económica. É que, contas feitas e por defeito, o atual arranjo urbanístico consta de 18 canteiros e cada canteiro tem 2 mil pés de amores-perfeitos, que multiplicados por 18, dá 36 mil amores-perfeitos; ora, ao preço de 50 cêntimos cada um, a soma total é de 18 mil euros e se a isto juntarmos a mão-de-obra, o transporte, as deslocações de pessoal, a manutenção e os impostos, podemos pensar, grosso modo, em 50 mil euros ou mais por cada plantação de amores-perfeitos cada ano efetuada; mas, teremos ainda de dobrar a despesa com a plantação dos cravos-xarope.
Ora, num tempo de crise económica e social aguda em que vivemos e com a pobreza a aumentar a olhos vistos e muitas famílias a sofrerem privações no nosso concelho, a Câmara Municipal deve repensar o assunto e decidir pôr fim a esta herança dolorosa que o executivo socialista nos deixou.
E creio bem que tal não é difícil e muito menos impossível, pois, pelo que se vê, ao executivo de Ricardo Rio não tem faltado imaginação, ousadia e determinação; e os cofres do município não estão assim tão abonados para suportar esta despesa desnecessária.
Ademais, dada a sua grandeza e localização, o local merece um jardim que, não batendo o de Santa Bárbara, com ele possa rivalizar; e os bracarenses bem-intencionados e que sempre pensam pela sua própria cabeça só têm que festejar e agradecer a decisão, quando questões de dinheiros públicos estão em jogo.
Agora, já que estamos com a mão na massa, o jardim, melhor dizendo, o pseudo-jardim do Largo João Penha (Braga, 1839 – 1919), antigo Largo do Rechicho, não passa de um espaço relvado e debilmente relvado; e, por isso, como para toda a gente não há jardim que se preze sem flores, que se aproveite a maré e aí se aplique uma operação de cosmética floral à maneira.
E isto mais não são que meras achegas para que, melhorando o ambiente, assim se melhore o bem-estar e felicidade dos cidadãos, para que finalmente possamos declarar aos quatro ventos que finalmente É BOM VIVER EM BRAGA.
Então, até de hoje a oito.
Autor: Dinis Salgado