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A grandeza da simplicidade de Dom António dos Santos

Vou revelá-la “ipsis verbis” para demonstrar a grandeza da simplicidade de um Homem/Bispo que se revelou a um simples leigo que viu nele, logo na sua primeira visita pastoral, como Bispo Auxiliar de Braga, a Vilarinho Vila Verde, algo que o transcendia, uma santidade em pessoa e que fez questão de o revelar logo neste jornal O Diário do Minho e, mais tarde, num sentimento de gratidão, escreveu outro texto quando deixou a nossa Diocese de Braga para continuar a cumprir a sua missão apostólica na Diocese de Aveiro que também vos vou recordar algumas passagens e onde está tudo dito.

Guardo, também, outras duas preciosidades (uma medalha comemorativa da vinda de Bento XVI a Fátima, Maio de 2010, e um terço) que nos deu, a mim e à minha mulher, numa visita que lhe fizemos a Aveiro. Objetos que lhe ofereceram aquando da visita do Papa Bento XVI a Fátima.

Transcrevo, portanto, algumas passagens desses meus textos já publicados e que são referidos no parágrafo anterior:

…As gentes da paróquia ficaram muito gratas pelo seu testemunho de amor, de entrega, pela sua simplicidade, pela sua comunicabilidade e pelo seu saber estar no meio do rebanho que deseja sempre apascentar:

– Os jovens sentiram encanto e satisfação com o seu exemplo, com o seu sorriso, com as suas palavras tão afáveis. É com essa forma de atuar que a juventude trilhará os ideais cristãos, imbuindo neles os verdadeiros valores;

– Os mais idosos, os doentes ficaram sensibilizados com a entrega, a delicadeza, as palavras tão eloquentes e simpáticas deste prelado que a Diocese de Braga tem o privilégio de possuir. Um idoso, acabando de receber a Sagrada Comunhão desfez-se a chorar, com certeza pensando ser a última vez que recebia o Alimento Espiritual das mãos daquele verdadeiro Apóstolo de Cristo… 

Quis também prestar-lhe a minha homenagem quando foi nomeado para a Diocese de Aveiro:

 …A Diocese de Aveiro está enriquecida com a nomeação de D. António dos Santos para superintender os seus destinos. Braga, com certeza, vai ter saudades deste prelado que revelou sempre uma entrega ao serviço da Igreja. Não necessitamos de conviver muito para conhecermos o espírito de missão deste apóstolo que serviu de alma e de coração esta nossa terra. No meu caso pessoal, nunca mais esquecerei os seus gestos de humanidade e as suas palavras inesquecíveis que me iluminarão e me darão alento durante toda a minha caminhada.

A presença de D. António dos Santos é, por si, um verdadeiro testemunho de fé, de simplicidade, de humildade, de afecto, de carinho, de um afável comunicador… que penetra na alma de todos aqueles que tiverem a felicidade de contactar com ele, de ouvir ou ler as suas mensagens. Homem de uma bondade inquestionável que tem espalhado a mensagem de Cristo com a sua própria postura de humildade, de gratidão para com todos. Homem de coração grande que muito tem contribuído para avivar a fé dos seus fiéis e fazer crescer cada vez mais o Rebanho do Senhor.

O louvor é também uma forma de oração, expressando todas as virtudes de alguém que as soube cultivar, multiplicando-as ao longo do seu ofício pastoral e na alegria de termos no meio de nós um autêntico apóstolo de Cristo, sabendo sempre cumprir a missão que lhe foi confiada nesta terra bracarense…

O Altíssimo continue a guiar o seu apostolado nesta Igreja “una, santa, católica e apostólica.” Tenho a certeza que a Diocese de Braga, os seus Arciprestados e as suas paróquias vão tê-lo sempre presente por tudo o que doou e pelo seu grande exemplo de missão, fortalecendo a fé dos crentes e dialogando, afetuosamente, com aqueles que “ainda não aceitam o Evangelho.” Obrigado.

Termino com transcrição da sua carta de 25-03-2006:

«Senhor Professor Salvador

Os meus respeitosos cumprimentos extensivos à sua Família e, através desta, a toda a comunidade de Vilarinho, cuja Visita Pastoral, a primeira no Arciprestado de Vila Verde logo no início do meu ministério episcopal, que lembrarei sempre com grata recordação e renovada gratidão.

O artigo “ser enfermeiro” que o Senhor Professor hoje escreve no Diário do Minho com a beleza literária, a densidade de conteúdo e a nobreza de sentimentos de sempre, veio acordar-me a memória e avivar-me um imperativo de gratidão que um demorado silêncio tardou a cumprir, mas nunca fará esquecer. Refiro-me, como sabe, ao belíssimo texto que escreveu acerca da Visita Pastoral que realizei em Vilarinho, terra-berço da sua família e concretamente do seu tio o Rev. do Padre Salvador. 

Quero dizer-lhe que guardo este texto com bênção e dom, ânimo e estímulo para viver sempre com alegria e coragem o ministério a que Deus me chamou para servir a Igreja nesta antiquíssima e tão cristã Arquidiocese de Braga.

Bem-haja, Senhor Professor, e que Deus lhe dê, em bênção e saúde, a recompensa do testemunho humano, familiar, profissional e cristão que a todos nos oferece e do bem que, semana a semana, através dos seus textos, vai semeando.

Peço que releve a falta de um longo silêncio, mas, a um ano de distância, quero dizer-lhe que a gratidão não se cala nunca em mim e que diariamente transporto ao coração de Deus, em oração, tudo o que de bem recebo das pessoas a quem o meu ministério me envia em missão ao serviço da Igreja de Jesus Cristo e do Seu Evangelho.

Com renovada e sincera gratidão, dedicadamente,

António Francisco dos Santos, Bispo Auxiliar de Braga»

 Está junto de Deus a pedir por todos nós. Eu não merecia tal honra, mas revelo o conteúdo da sua carta, aqui, com toda a minha humildade para que estas palavras de um Santo não ficassem apenas guardadas no meu coração e a carta, um manuscrito, ficasse, apenas, arquivada, como uma relíquia, nos meus arquivos para sempre. Muito, muito obrigado. D. António, pelas atitudes de Santidade vividas nesta terra, refletidas no bem que semeou na evangelização sentida. Um Santo que goza das alegrias eternas.


Autor: Salvador de Sousa
DM

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27 setembro 2017