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A Fé Cristã, suas implicações...

Em 12 de maio de 2017, à noite, na Capelinha das Aparições, dizia a Nossa Senhora na introdução da sua oração: “Salve Rainha, Bem-aventurada Virgem de Fátima, Senhora do Coração Imaculado, qual refúgio e caminho que conduz até Deus! Peregrino da Luz que das tuas mãos nos vem, dou graças a Deus Pai que, em todo o tempo e lugar, atua na história humana.

Peregrino da Paz que neste lugar anuncias, louvo a Cristo, nossa paz, e para o mundo peço a concórdia entre todos os povos!

Peregrino da Esperança que o espírito alenta, quero-me profeta e mensageiro para a todos lavar os pés, na mesma mesa que nos une. Salvé, Mãe de Misericórdia, Senhora da veste branca!”...

De tudo o que vimos, ouvimos e vivemos, reconhecemos que a proposta da fé é relevante para a vida das pessoas e para a sociedade. O Papa não é, como algumas pessoas terão dito, um bom, um excelente teólogo, ou um destacado filósofo. É acima e além de tudo isso, o sucessor de S. Pedro, a quem Jesus Cristo confiou a direção e governo da Sua Igreja. É o portador de uma “mensagem de esperança, revolucionária” para o mundo. Somos muitos os que nos apercebemos disso, mais uma vez...

Ao chegar ao nosso país anunciou, sem demora, que trazia “uma proposta de sabedoria e missão”, explicando que a fé cristã implica o anúncio de Deus e, por isso, um impulso para a verdade, para o bem e a beleza, que encontram a sua plenitude em Jesus Cristo, Deus feito Homem!

A sua proposta que não pode ser outra senão a proposta da fé cristã, integrava três questões que muitas vezes tem referido: acerca de “razão e fé”, da relação entre a “fé e o mundo”, e acerca do “pecado”.

Em primeiro lugar, destaca-se que para compreender a vida humana não basta uma razão pura que se apoie unicamente no que se vê, no que se ouve ou se pesa, porque a pessoa, o ser humano, está aberto a uma verdade muito mais profunda, a do espírito.

Por outro lado, é necessário que a fé cristã assuma as coisas concretas do mundo, como por exemplo, a economia, a ecologia, sem fechar-se apenas “na salvação individual, nos atos religiosos”, uma vez que “estes implicam uma responsabilidade global, uma responsabilidade acerca do mundo, acerca de todos os homens”.

A partir de respostas dadas aos jornalistas, podemos perceber que mais importante do que os ataques que vêm do exterior da Igreja, os cristãos – porque nós somos também igreja – devemos preocupar-nos antes com o pecado que está em cada um de nós; e, portanto, voltar a aprender algo essencial: a conversão pessoal, a oração, a penitência e as virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.

Reconhecemos que tudo isso configura a proposta cristã do sentido da vida e tem uma implicação chave para a vida pública. Em concreto, trata-se de questionar-nos acerca do que move a nossa existência, para que verdade nos dirigimos, qual é o bem que procuramos, que beleza nos atrai… Mas nada disto se reduz ao âmbito privado; desemboca no tipo de sociedade e de cultura para que todos contribuímos com a nossa quota – parte, em diálogo com os nossos concidadãos.

“A fé sem obras é morta”, diz o povo.
E o Papa Francisco referiu que a fé deve assumir as “coisas concretas” do mundo. Os cristãos leigos devem superar “o silêncio da fé”, isto é, não basta a resignação diante do que acontece à semelhança de “muitos crentes que parecem ter vergonha ou respeitos humanos, e vão dando uma mão ao secularismo, que levanta barreiras à inspiração cristã”.

Em 1985, dizia o Santo Padre S. João Paulo II: “A Igreja tem necessidade, sobretudo, de grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade entre os fiéis de Cristo, porque da santidade nasce toda a autêntica renovação da Igreja, todo o enriquecimento da inteligência da fé e do seguimento cristão; uma reatualização vital e fecunda do cristianismo no encontro com as necessidades dos homens e uma renovada forma de presença no coração da existência humana e da cultura das nações”.

Àqueles que pensam que “essas grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade não os há, o Papa replicou em seguida, dizendo que não faltam ativos movimentos e comunidades; o campo apostólico dos cristãos não é somente nas terras distantes, conhecidas como terras de missão; é ali ao nosso lado: “os âmbitos socioculturais e, sobretudo os corações, é que são os verdadeiros destinatários da ação missionária do Povo de Deus”.

Em resumo, podemos referir que há sobretudo três temas irrenunciáveis para a Igreja e para os católicos na vida pública e na ação política: a defesa da vida em todas as suas fases, desde o primeiro momento da conceção até à morte natural; o reconhecimento da verdadeira família, como resultante da união entre um homem e uma mulher baseada no matrimónio, e a defesa das tentativas de a tornar juridicamente equivalente a formas de uniões, muitas vezes desnaturadas!... E a liberdade de ensino, que consiste em os Pais tutelarem a educação dos próprios filhos, no exercício de um direito primordial inalienável.

Voltando ao ponto de partida desta sucinta análise à visita do Santo Padre que queremos agradecer com a correspondência da nossa vida, fixemo-nos naquilo que nos disse à chegada: – Venho como “Peregrino da Esperança e da Paz” e como portador de “uma proposta de sabedoria e de missão”!...


Autor: Maria Helena H. Marques
DM

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12 agosto 2017