No artigo 313, “Conflitos entre religiões, um disparate”, a minha atenção deixou-se embeber, como a espuma, com todo o apaixonado coração, a mente e ação, para a definição, distinção e unicidade da religião ao seguir a autoridade e o entusiasmo do ôntico ser humano, como a voz única e universal a toda a humanidade.
A religião é tida como uma reunião, uma congregação, uma comunidade de fiéis, lançada no caminho da descoberta e do amor a Deus; lançada no estabelecimento concreto dos relacionamentos da inteligente e emotiva pessoa consigo mesma, com o outro, com o mundo e com Jesus, a fim de seguir os verdadeiros e intemporais corredores do ser da ôntica natureza humana.
Por tais corredores, por tais caminhos, trilham o afeto, a mente e a ação de toda a verdadeira e objetiva humanização no seio de Deus. Esta religião universal será uma religião natural, antropológica e transcendental, distinta da religião Sagrada e Transcendente, que tem Jesus Cristo como o seu autêntico, único e sobrenatural profeta.
Paralelamente a esta definição e distinção, há um aspeto não menos importante: o do seu natural fundamento. Tal fundamento brota, de forma imanente, do ser da nossa ôntica e natural natureza.
Este ser é uno, transcendental e relacional, caraterísticas tidas como os verdadeiros corredores que tornam os caminhos existenciais, através da sua superação, congruentes com os imperativos que emanam do nosso ôntico ser.
Com esta verdadeira e objetiva afirmação, pretende-se remover todas as atitudes de separação, de isolamento e de rotura entre as estruturas da nossa vida existencial e a nossa inabalável vida transcendental.
Assim se pode acabar com a afirmação do ateísmo, categórica para muitos indivíduos que, apoiados nas roturas das nossas instáveis estruturas existenciais (conhecimentos, sentimentos, ações, emoções e motivações), advogam, para si, autoritariamente, a autonomia, a liberdade e a responsabilidade que são inerentes ao ôntico ser humano.
Nota da Direção: Este artigo foi enviado para o Diário do Minho pelos familiares do Dr. Benjamim Araújo antes do seu falecimento. Publicamo-lo com autorização da família.
Autor: Benjamim Araújo
A eterna autonomia do ôntico ser da natureza humana
DM
15 agosto 2018