O 25 de Abril é o dia da Liberdade e da Democracia.
No entanto, a exteriorização das festividades desse dia são das maiores hipócritas manipulações políticas que subsistem em Portugal.
Em primeiro lugar, muitos daqueles – nomeadamente os comunistas do PCP, de outros partidos marxistas leninistas, estalinistas e trotskistas – que combateram a anterior execrável ditadura não o fizeram pela liberdade e pela democracia.
O combate ao regime salazarista e depois marcelista, por parte destes partidos, fortemente acobertados por um grupo militar, foi feito com o intuito de instaurar em Portugal uma ditadura comunista, com forte influência da União Soviética e do seu sangrento regime imposto a todos os países que dominava.
O objetivo era substituir uma ditadura por outra. Foi por isso que o PCP quase conseguiu, a seguir ao 25 de Abril, a instauração do regime comunista, tendo sido fortemente derrotado a 25 de novembro de 1975 em Portugal continental, mas com sucesso nas colónias que viveram regimes fratricidas.
A partir dessa derrota em Portugal, o PCP aceitou submeter-se às regras do regime democrático, ficando-se por um partido parlamentar e autárquico, numa atitude fingida face à democracia que as regras antidemocráticas do seu funcionamento interno e do seu passado, do qual nunca se retratou, confirmam.
Os cravos vermelhos são outras dessas manipulações.
Conforme Salgueiro Maia, publicamente afirmou, quando os tanques estavam na rua nesse belo dia de Abril, “umas vendedeiras de flores” de cravos brancos e vermelhos, ofereceram-os aos militares e a quem passava tendo os fotógrafos mais ligados à esquerda, segundo Salgueiro Maia, valorizado os cravos vermelhos, em detrimento dos cravos brancos e de uns jarros que na altura se vendiam.
Isto só para não falar da bela fotografia de uma criança a colocar um cravo vermelho no cano de uma metralhadora G3 mas que, só anos mais tarde, foi revelado tratar-se de uma fotografia artificialmente feita em estúdio. Curiosamente foi o Presidente Cavaco Silva – e nenhum governante mais à esquerda – o único político português que se veio a interessar pelo futuro que o 25 de Abril deu a essa criança que homenageou no dia de Portugal em 2006.
A “Grândola Vila Morena”, politicamente identificada como símbolo musical prioritário do dia da Liberdade, é igualmente manipuladora.
A sua versão original, além de falta de ritmo e alegria, é de Zeca Afonso que, independentemente da classe da obra musical que nos deixou, foi um comunista militante, adepto do partido único e da ditadura do proletariado. Além do mais, não foi a primeira música colocada na rádio e que iniciou as manobras militares, mas a segunda.
Se o hediondo regime de que Zeca Afonso era fortemente adepto tivesse vingado teríamos tudo, menos democracia e liberdade em Portugal. Então é a música com esse autor que é símbolo do 25 de Abril?
Como é de essência comunista, teria de ser a “Grândola” a música mais considerada como símbolo do 25 de Abril! E nunca a festivaleira e alegre música e “Depois do Adeus “conforme, quer o rigor dos acontecimentos, quer a sua essência democrática exigia: a música foi feita por José Calvário, militante do PSD, a letra por José Niza, militante do PS e cantada por Paulo de Carvalho (anos mais tarde militante do PCP do qual mais tarde quis sair).
A polémica sobre o figurino das atuais comemorações do 25 de Abril foi a manipulação mais recente com Ferro Rodrigues à cabeça, acompanhado do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa, sem disfarçar olhar para a esquerda aquando a leitura do seu discurso, justificou exaustivamente a realização da cerimónia, escondendo a questão essencial. A questão nunca foi a de não comemorar o 25 de Abril no Parlamento mas sim a sua inadequada versão inicial, felizmente alterada.
Poder-se-á dizer que estes exemplos de manipulações do 25 de Abril, a par de outros, são pouco significativos para o quotidiano dos portugueses? Certamente serão, mas são também a expressão de alguma hipocrisia política reinante que só atrasa o nosso desenvolvimento.
Autor: Joaquim Barbosa
A abrilada e a manipulação

DM
29 abril 2020