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Golfe no Minho: amizade, natureza e visão de futuro

O golfe no Minho tem vindo a afirmar-se como uma das expressões desportivas e paisagísticas mais interessantes da região, combinando tradição, respeito pela natureza e um crescente compromisso com a sustentabilidade. A celebração do 34.º aniversário do Clube de Golfe de Braga (CGB), no passado 1 de dezembro, voltou a demonstrar a vitalidade desta comunidade, reunindo no campo de golfe de Ponte de Lima um impressionante field de 92 jogadores para um match amigável entre o CGB e o Clube de Golfe de Ponte de Lima (GPL).

O resultado – favorável ao CGB – acabou por ser o que menos importou. O verdadeiro destaque esteve no convívio exemplar entre os dois clubes mais relevantes do Minho – muitos sócios do CGB são também sócios desportivos do GPL –, numa jornada que reforçou a importância de aprofundar o entendimento e a cooperação entre estruturas que têm contribuído para elevar o nome da região no panorama golfístico nacional. Numa época em que o desporto mais valorizado é aquele que cria comunidades, esta demonstração de proximidade e partilha torna-se especialmente significativa.

O campo de Ponte de Lima, cenário deste encontro, continua a ser uma referência nacional, não apenas pela exigência técnica do seu traçado, mas sobretudo pela forma como se integra na paisagem, onde o percurso soube respeitar as encostas, vinhas e bosques que definem o carácter do Vale do Lima. Jogar ali é sentir a natureza a participar no próprio jogo: os relevos que ondulam, a vegetação autóctone que acompanha os fairways e os horizontes amplos que mudam com a luz das estações.

A excelência da receção proporcionada por Manolo de Miguel, administrador da sociedade dona do campo, voltou a ser unanimemente elogiada. A atenção ao detalhe e o cuidado colocado na experiência dos jogadores refletem uma filosofia de hospitalidade que faz do campo de Ponte de Lima um exemplo para todo o país. O dia terminou com um repasto de grande qualidade no Monte da Madalena, onde o chef Filipe preparou uma refeição no seu restaurante ao nível da celebração.

Para lá do convívio, o encontro serviu também para projetar o futuro. O CGB tem atualmente dois dossiers estruturantes em desenvolvimento: a exploração do campo da Barca, em Esposende, e o futuro campo de Amares, concebido pelo Eng. António Ressurreição, antigo presidente do clube, em torno da sua propriedade conhecida como Solar das Bouça e integrando terrenos dos donos da Primor. Ambos os projetos representam um importante passo na consolidação da oferta golfística do Minho, não apenas em quantidade, mas sobretudo em diversidade e qualidade paisagística. O CGB tem uma academia premiada e um diretor técnico de excelência, o David Aguiar.

Nunca se conseguiu construir um campo de golfe no concelho de Braga. Havia um projeto na área do Mosteiro de Tibães, nos terrenos da RAR, mas que nunca saiu do papel. Existiu o sonho de unificar o projeto de Amares com Braga, numa versão inicial ao longo do Rio Cávado dum e do outro lado, abrangendo no concelho de Braga os terrenos em Adaúfe onde em tempos Manuel Barbosa, já falecido, pretendeu construir um empreendimento turístico residencial, com um campo de golfe de 9 buracos, ligados por uma pequena ponte pedonal, mas que não foi possível concretizar.

Numa era marcada pela urgência ambiental, os novos campos são pensados com uma atenção redobrada à sustentabilidade. A integração na natureza deixa de ser apenas estética e passa a ser funcional. A tendência internacional assenta na utilização de mecanismos e técnicas que reduzem drasticamente o consumo de água e estão a tornar-se padrão nos projetos contemporâneos; o Minho não será exceção. 

O golfe minhoto vive, assim, um momento de maturidade: celebra a sua história, fortalece as suas instituições, cria laços entre clubes e olha para o futuro com ambição responsável. A integração harmoniosa entre desporto, paisagem e sustentabilidade pode transformar o Minho numa referência nacional – e talvez ibérica – para uma nova forma de viver o golfe.

No final, permanece a imagem mais marcante deste aniversário: dois clubes lado a lado, num campo que honra a natureza, celebrando não apenas o jogo, mas a comunidade que nele se reconhece. É esse espírito que continua a fazer do golfe no Minho muito mais do que um desporto – é uma cultura partilhada e um património em construção.

Carlos Vilas Boas

Carlos Vilas Boas

4 dezembro 2025