twitter

Celebremos a Restauração

 

 

Dois amigos encontraram-se e comentavam os recentes acontecimentos. Dizia o Sousa ao amigo que já não acreditava em qualquer solução democrática. Ao que, perante tamanha desilusão, logo o Lima lhe perguntou porquê? E a resposta dele deixou-o algo incrédulo: – “porque, a primeira consulta popular de que há memória foi a de Pôncio Pilatos ao povo:quem quereis que solte, Cristo ou Barrabás?E o povo escolheu o ladrão”.

De facto, algo perecido se vem passando na democracia portuguesa. Basta o candidato a um cargo público se mostrar com ar de quem não parte um prato e todo falinhas mansas para o povo ir na onda. É algo que temos visto ao longo de cinco décadas em que tudo se promete, mas muito pouco se cumpre. Isto, porque a democracia não se apregoa, pratica-se. Só para citar um exemplo de que assim é, temos o caso das reformas de que o país precisa. Todos concordam em geral que elas são necessárias, só que se vai a ver e discordam em particular, sempre que mexem com os privilégios de cada um. O que não só degenera a democracia e desestabiliza, faz da classe política uma espécie de aves de rapina. 

Pois bem, um outro aspeto que enfraquece a democracia é que nunca tanto, como hoje, se escarneceu de quem enaltece os valores patrióticos herdados dos nossos Egrégios Avós. Sobretudo dos que deram a vida por Portugal. Sendo que a liberdade tem destas coisas: tanto se enaltecem os nossos antepassados pelos seus valorosos feitos históricos, como se vilipendiam. O que com esta dicotomia entre aqueles e estes, os valores da nossa sociedade ficam na corda bamba da consistência e da coesão. E, assim, o povo cansa-se, enjoa e começa a deixar de acreditar em tudo aquilo que os supostos democratas dizem. Começando a aparecer interrogações quanto às vantagens e desvantagens que a democracia tem para oferecer. Sobretudo, quando nela militam deploráveis personagens que muitos maus exemplos vêm dando aos portugueses.

Daí, a notícia dos abalos sentidos na nossa vizinha Espanha, com epicentro numa sondagem do El País, que fazem tremer o regime democrático espanhol. Nada mais nada menos que 17, 4% dos espanhóis consideram preferir um regime autoritário. Isto, quando ocorrem 50 anos da morte do ditador, Francisco Franco, que governou a Espanha com mão de ferro de 1939/1975, motivo pelo qual vêm saindo à cena alguns dos seus admiradores com hossanas ao caudilho. No entanto, 73.7% de “los nuestros hermanos” dizem acreditar na democracia, enquanto 8,8% se mostram indiferentes. O que somada essa percentagem aos que se revêm num regime musculado soma 26,2%. Situação, essa, atribuída às esquerdas espanholas que andam sempre a trazer à baila as vítimas do franquismo e toda a sua envolvente. Servindo de bode expiatório à corrupção em que o Primeiro-ministro, Sanches, está metido. Assim como para encobrir a simpatia dele pelos separatistas que, outrora, espalharam o terror e morte no reino espanhol.

Já por cá, nos dias que correm, duvido que haja um punhado de homens valentes do quilate daqueles que, a 1 de dezembro de 1640, devolveram a independência a Portugal. Acabando, assim, com 60 anos de domínio filipino de Castela. Prova disso, deu-a o nosso Presidente da República, tagarela q.b., ao recusar-se condenar os insultos do verdugo Chefe de Estado angolano – nas comemorações dos 50 anos da autodeterminação de Angola – à dignidade da nação portuguesa. Ele que face a essa ousadia, emudeceu perante os jornalistas ali presentes. 

Com políticos que não reagem às ofensas ao país, nunca celebraríamos hoje o dia da Restauração. A falta de estaleca fê-los arredar do código de ética a velha máxima de que “quem não se sente, não é filho de boa gente”. Assim, ficaram por honrar os nossos compatriotas militares que tombaram naquele quinhão africano do, outrora, Império colonial. Sendo por causa desta espécie de “condes Andeiro lusitanos” que, por falta de real patriotismo, permitem o avanço do populismo e do extremismo.

 

 



 

Narciso Mendes

Narciso Mendes

1 dezembro 2025