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Almas divididas (algumas…)

 



 

 

 

Meu lindo Agosto”). Sobretudo no Interior (mas hoje em todas as partes do nosso país) é durante o Verão que a maioria dos portugueses emigrantes ou seus descendentes, regressam à Pátria para matar saudades dos lugares de origem, dos familiares, dos amigos e conhecidos. É quase um ritual, que se vai (por enquanto) repetindo todos os anos. “Ritual” celebrado até, em belas canções que já são clássicos da música ligeira portuguesa, cantadas por Jorge Ferreira, José Malhoa, Marante, Emanuel… Aldeias da Beira Alta, Beira Baixa, de Tras-os-Montes, sobretudo; as quais, durante o ano são lugares hoje pouco habitados e mais que sossegados; mas transformam-se durante o Verão e suas festas. Os emigrantes repetem o ciclo das andorinhas, dos noitibós e das largas dezenas de espécies de aves migratórias que, no seu caso vindas de África, todos os anos vêm à Europa por 4 ou 5 meses para nidificar; e regressar a seguir aos seus pousos, às vezes a milhares de kms. de distância.

Fico eu a pensar no drama pessoal identitário destas pessoas…) Nasceram portugueses, em Portugal; mas, em tantos casos residem em permanência nos países onde encontraram trabalho bem pago. Muitos até pretendem ficar lá para sempre (embora às vezes venham cá). É o que infelizmente se passa em países de várias partes do Novo Mundo, p. ex., a Austrália, o Canadá, os EUA, a Venezuela, o Brasil. O que não impede que aí, convivam uns com os outros em associações “de portugueses”; e muito dos quais, ao fim de alguns anos, até já adquiriram, sem deixar de ser portugueses, a dupla nacionalidade. Eu é que fico confrangido ao pensar no injusto e frequente drama pessoal identitário pelo qual esses 4 ou 5 milhões de pessoas passam. Os nacionais desses países, sobretudo no Velho Mundo (nos diversos países europeus) olham-nos obviamente, quase sempre um bocadinho de lado. E os portugueses que não emigraram (sem os desprezarem ou esquecerem, claro está), não deixaram de os apelidar de “franceses”, “canadianos”, “americanos”, “australianos”, “brasileiros”, “venezuelanos”, “suíços”… Curiosamente é raro chamarem-lhes, apesar de já serem em grande número, “ingleses” ou “alemães”. “Complexos” antigos, certamente.

Respostas a esse dilema pessoal identitário). A resposta mais comum (e normal) é continuarem a considerar-se portugueses, iguais aos que não emigraram; estão apenas à espera de ganhar dinheiro suficiente para retornarem. Outros, pelo contrário, apaixonaram-se pelo país de acolhimento (às vezes até casarem com naturais de lá ou com emigrantes de outros países) e desejam é enraizar-se lá fora; mesmo que, não poucas vezes, na aparência física, nada se pareçam com os locais (o que, a prazo, no Velho Mundo, lhes pode trazer problemas). Há respostas mais extremas; p. ex., há os que desprezam Portugal por não lhes ter dado condições. Ou às vezes, que até lhas tenham “tirado”, como é o caso dum primo meu que, ainda criança, veio refugiado de Moçambique, onde a família, feirense, já estava próspera e enraizada há 50 anos; primo esse que emigrou depois para a Suíça e para lá vive, contente, e muito amigo dos italianos locais.

Os que se tornam, erradamente, “globalistas…). Ou até os que se passaram a considerar “cidadãos do Mundo” (por serem confusamente descendentes de avós de várias nacionalidades e viverem no Velho Mundo, esse alfobre de nacionalistas…). Esses têm tendência a aderir a sociedades secretas, as quais substituem a ajuda da família “tribal”, natural, digamos. É que hoje, na França vivem muitos milhões de argelinos; na Grã-Bretanha, de hindustânicos e afro-descendentes; na Alemanha, de turcos, curdos (e agora sírios, autorizados, contra vontade, por Angela Merkel); nos EUA, 60 milhões (!) de centro-americanos; e na Suíça, Luxemburgo, Suécia, Bélgica, Holanda (e agora também Espanha e Portugal), há cada vez mais altas percentagens de gente de outras estirpes.

O curioso caso da “diáspora judaica”). Por motivos sobretudo religiosos (mas também criados pela experiência recorrente de perseguições múltiplas, ao longo da História), as pessoas de origem judaica, ainda que hoje espalhadas por boa parte dos países do Mundo, têm tendência a considerar-se em 1º lugar “judeus” e só depois, cidadãos do país do seu passaporte. E são altamente influentes na política de todos os países democráticos. Exemplo actual disto é o do judeu Zelenski. O seu fingimento habilidoso (de actor profissional, que era) conseguiu levar a uma guerra fratricida entre, digamos, os russos do Norte (os de Moscovo) e os russos do Sul (os de Kieve). Que já matou ca. de 1 milhão de soldados, todos eles cristãos-ortodoxos ou agnósticos. Os “pogroms” czaristas estão assim, mais que vingados. E quase na proporção tão “equilibrada”, cinegética, que o colega Netaniahu tem usado contra o pessoal de Ghaza.

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

1 dezembro 2025