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Celebração cristã do Natal

1. Não estava nos meus planos escrever já sobre o Natal. Pois se ainda não começou a celebração litúrgica do Advento… se ainda não entrámos no mês de dezembro… Os factos, porém, demonstram ter-se começado já a celebrar o natal. O natal das iluminações. O natal das vendas. O natal da sociedade de consumo. O natal do pai natal. 

Para mim o verdadeiro Natal é a celebração do nascimento de Jesus. O Natal da vinda da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade ao meio dos homens, mediante o mistério da Encarnação no seio da Virgem Maria. O Natal de Jesus com a sua mensagem de amor: amor que não é negócio mas doação e serviço aos outros; um amor que é perdão e misericórdia.

É a segunda grande festa dos cristãos. A primeira é a Páscoa. Foi instituído para contrapor a uma festa pagã, em honra do Sol. 


 

2. Se não temos cuidado estamos a contribuir para a paganização do Natal. Isto sucede quando nos deixamos orientar por critérios consumistas. Quando o secundário se sobrepõe ao essencial. Quando a preocupação das prendas nos traz distraídos da grande Prenda que Deus deu à humanidade: a da encarnação de Seu Filho, Jesus Cristo.

Quando a preocupação de dar coisas nos traz esquecidos do dever de nos darmos. Quando se reduz o Natal a uma refeição onde até se praticam lamentáveis excessos. Quando o Natal é pretexto para qualquer forma de ostentação ou manifestação de novo-riquismo. Quando, para não mentir com a estória do Menino Jesus a descer pela chaminé, se inventa uma outra mentira: a estória de um pai natal que, com a sua «generosidade e amizade pelas crianças», deixa Jesus no esquecimento. Quando o Natal, que deve ser a grande festa do amor, se converte em indisfarçáveis manifestações de egoísmo.


 

3. Celebrar cristamente o Natal é ter presente que há dois mil anos Deus se fez um de nós para nos elevar até Ele.

É imitar no dia-a-dia, no trato com os outros, o amor de Deus para com os homens.

É explodir em manifestações de alegria porque Deus se fez menino e reconhecê-lo também na pessoa de tantos meninos carecidos de afeto que nem no Natal recebem como prenda um brinquedinho novo. 


 

4. Vamos celebrar o Natal, mas o Natal Cristão. O Natal do Menino Jesus. O Natal do presépio. O Natal da fraternidade baseada na paternidade universal de Deus. O Natal da partilha com os mais carenciados todas as vezes que precisem da nossa ajuda e não apenas uma vez por ano. O Natal do amor para com todos, mas do amor oblativo que se preocupa mais em dar do que em receber, em servir do que em ser servido, em dar felicidade do que em sentir-se feliz.

Mais do que dar coisas, que até podem custar muito dinheiro, a celebração cristã do Natal exige que saibamos dar a prenda de uma palavra amiga, a prenda de um sorriso, a prenda de uma tarde passada junto de um doente ou de uma pessoa que vive em solidão, a prenda de criar sempre bom ambiente. Que saibamos dar a prenda de tratar o outro – seja ele quem for e pense o que pensar – como um ser humano e um filho de Deus.

Não celebra cristamente o Natal quem, por comodismo, afasta os idosos do convívio familiar. Quem não é capaz de estender a mão a todos porque alimenta ressentimentos.


 

5. O núcleo da mensagem do Natal cristão é a Paz e o Amor. 

Que Jesus nasça no coração de quantos nEle acreditam, o que significa que o devem ter liberto de todos os sentimentos contrários à autêntica vivência do Evangelho. Também no coração das pessoas deve ser montado o presépio.

Como pode celebrar cristamente o Natal quem anda constantemente em guerra com familiares ou vizinhos, quem só sabe dizer mal dos outros, quem é incapaz de perdoar quaisquer ofensas, quem não sabe falar com bons modos?


 

6. Não há Natal cristão sem a participação na Missa e esta inclui a receção da Sagrada Comunhão. Uma das condições para poder comungar é não ter consciência de pecado grave e o perdão deste pecado, em circunstâncias normais, consegue-se através da Reconciliação Sacramental. A celebração cristã do Natal pode exigir uma ida ao confessionário.

Também se prepara a celebração cristã do Natal participando na novena que o precede; espanejando a consciência de poeiras que nela se vão acumulando; sendo criterioso na escolha das prendas materiais a oferecer.

Silva Araújo

Silva Araújo

27 novembro 2025