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Excelência no quadrilátero (futebolístico) minhoto…

Na mesma semana em que o Governo se prepara para aprovar o Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, o distrito de Braga, que se destaca por ter 5 clubes na 1.ª Liga, lidera agora, também, no número de Entidades Formadoras Certificadas ao mais alto nível (5 estrelas) - Braga, Vitória, Famalicão e Gil Vicente - sinal de excelência organizacional e pedagógica. Havendo no país, apenas dez entidades com 5 estrelas, tal significa que 40% estão na nossa região. Parabéns, pois, ao quadrilátero (futebolístico) minhoto.

Quando informei um colega desta realidade, contrapôs: não és tu que abominas os rankings escolares? E agora valorizas isto? Recorri ao: “uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa!”

Os rankings assentam num critério redutor - resultados de exames - não avaliam processos, não traduzem contextos, não medem progressos e ignoram a diversidade de competências que é suposto a escola promover. Para além disso, a obsessão com as notas incentiva métodos de ensino excessivamente focados na preparação para provas escritas – exames nacionais. 

Na certificação de entidades formadoras, não se limitam a avaliar o resultado final, focam-se sobretudo nas condições existentes, nos meios utilizados e na qualidade do trabalho desenvolvido. Há um processo rigoroso, centrado em critérios objetivos que têm como fundamento primordial, elevar o nível global da formação desportiva e futebolística no nosso país. A certificação máxima não significa que estes clubes vão ganhar mais vezes, nem garante que os seus atletas serão sempre os melhores, diz-nos, apenas e só, que dispõem de condições de excelência para que todos possam evoluir em diferentes áreas, a saber: competências coordenativas, condicionais e tático-técnicas, bem como na formação humana, social e desportiva. O que falta, ainda: melhorar os quadros competitivos e fazer com que os pais cumpram (também) o seu papel, através de uma postura assertiva - enquanto adeptos - com comportamentos “ditos” civilizados.

Se a escola ambiciona formar cidadãos completos e preparados para o futuro, o seu modelo de avaliação deveria aproximar-se mais do desportivo, valorizando o contexto, os meios, o acompanhamento, o progresso e o desenvolvimento integral do aluno/atleta. Tal como na formação desportiva, aquilo que verdadeiramente importa no ensino não é apenas o resultado (do exame) final, mas sim tudo o que foi sendo construído para lá chegar, havendo inclusive, um referencial para as decisões a adotar por decisores e atores educativos, designado por “Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória”. 

O “barro” a moldar é semelhante – jovens em crescimento – logo, a matriz do processo de treino/ensino não pode, nem deve, divergir muito. É surreal que desporto já priorize e valorize o criar condições, enquanto o sistema educativo insiste em medir resultados. 

Entendo, pois, que a certificação desportiva, como modelo de desenvolvimento e respetiva avaliação, nos mostram o caminho que a escola ainda necessita trilhar, valorizando processos, contexto e progresso.


 

Carlos Mangas

Carlos Mangas

21 novembro 2025