twitter

A inteligência na tradição filosófica e teológica

O Dia Mundial da Filosofia implementado pela UNESCO em 2002 comemora-se todos os anos na terceira quinta-feira de Novembro, dia 20, tem por objetivo enaltecer a importância da Filosofia na vida do homem e na vida em sociedade. 

Sendo a Filosofia o estudo dos problemas fulcrais para o homem como a realidade, a existência, o conhecimento, a razão, a linguagem e o sentido da vida, pareceu-me de todo muito oportuno dar a conhecer este documento cuja leitura de fácil compreensão nos pode propiciar o acesso a uma distinção clara, compreensiva e real da interligação da Filosofia, desde as primeiras reflexões da humanidade, a sua capacidade de abstração para a apreensão e significado das coisas, características que nos distinguem do mundo animal.

“Intelecto e razão, (intellectus et ratio) não são capacidades diferentes, mas complementares no processo filosófico de aprender a pensar, em busca duma Verdade que eleva o Homem no sentido duma maior abrangência da qual emerge a sua Dignidade Humana.

«A tradição cristã considera o dom da inteligência um aspeto essencial da criação humana “à imagem de Deus”. Partindo de uma visão integral da pessoa e da valorização do chamamento “cultivar” e “cuidar” a terra, a Igreja sublinha que este dom deveria encontrar expressão através de um uso responsável da racionalidade e da capacidade técnica ao serviço do mundo criado».

Todo o progresso científico e tecnológico é encorajado pela Igreja, pois considera que as actividades humanas são uma colaboração do Homem no sentido do aperfeiçoamento da criação.

Com o aumento substancial na proliferação e uso de modelos de linguagem de grande escala como ChatGPT, o Papa Francisco expressou alguma preocupação sobre um futuro "tecnocrático" e sua transparência no desenvolvimento de novas tecnologias de inteligência artificial na cúpula do G7 de 2024, tendo também abordado este tema na sua Encíclica de Outubro de 2024, Dilexit nos. 

Em Janeiro de 2025, o Dicastério para a Doutrina da Fé e o Dicastério para a Cultura em Educação, em conjunto, publicaram uma pequena nota doutrinária da Igreja Católica, Antiqua et nova, a qual proporciona algumas reflexões sobre a relação entre a Inteligência Artificial e a Inteligência Humana, bem como os desafios antropológicos e éticos que se colocam neste campo.

Antiqua et nova, é um documento com 30 páginas e 117 parágrafos, através dos quais aborda os desafios e as oportunidades da IA nos campos de educação, economia, trabalho, saúde, relacionamentos e guerra.

Expressa sérias preocupações sobre deepfakes e informações falsas geradas por IA, bem como outras questões de privacidade em torno da vigilância e da expressão de questões de consciência nas conversas particulares e alerta ainda para um controlo tecnocrático da sociedade, com grandes empresas exercendo influência social e política significativa, capaz de manipular consciências e processos democráticos.

O documento conclui que a inteligência artificial deve ser usada apenas para complementar a inteligência humana, em vez de a substituir, pois uma substituição escravizaria a humanidade e serviria como um "substituto de Deus".

Ao leitor deixo o desafio de ler e reflectir sobre esta singela, mas muito elucidativa nota e, de seu verdadeiro juízo pessoal à luz da Fé e da Razão, sem influências exteriores, concluir das hipotéticas consequências da IA.

Maria Susana Mexia

Maria Susana Mexia

19 novembro 2025