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Lidar com o desgaste

O futebol do escalão principal está em pausa, devido aos compromissos das seleções. Este é um ritual que se repete, nos vários apuramentos que os países disputam, onde se inclui Portugal.

A propósito da seleção nacional, observo com naturalidade as convocatórias de Roberto Martínez, que formou um grupo quase fechado, onde poucos entram e poucos saem. As minhas expectativas em relação ao técnico espanhol eram altas, sobretudo no que toca a uma rutura com o passado no plano das convocatórias, mas rapidamente se diluíram, porque as chamadas raramente premeiam a forma dos jogadores. Agora, as ligas asiáticas, em especial da Arábia Saudita, fornecem vários jogadores à seleção nacional, alimentando a ilusão de que se trata de uma liga muito competitiva. Obviamente que, com alguma parcialidade, eu gostaria de ver jogadores do SC Braga integrarem a seleção principal de Portugal, o que não acontece há algum tempo. Contudo, em outras seleções espalhadas pelo mundo os bracarenses surgem representados, porque o mérito noutros locais ainda é, por vezes, premiado.

A vantagem de ter menos atletas nas seleções prende-se com o menor desgaste que longas viagens acarretam, ainda que todos os jogadores desejem jogar pelo seu país, ou pelo país que escolheram para representar.

O SC Braga já realizou, até ao momento, vinte e três partidas, divididas por várias competições. Ora, este número, em comparação com outros emblemas que apenas disputaram treze ou doze jogos, representa um desgaste adicional que se vai acumulando e que depois pode ter reflexos em campo. Parece claro que a realização de mais jogos está ligada à ambição de querer ser maior e de ter capacidade para tal.

Os bracarenses sabiam, desde o início, que o calendário iria ser apertado, pelo que isso não pode servir de desculpa, como muito bem tem sublinhado o treinador Carlos Vicens. É para poder lidar com o desgaste acumulado que os plantéis são constituídos, e é também por isso que a gestão dos atletas, cada vez mais monitorizada e controlada, deve acontecer. Os clubes contam hoje com departamentos especializados que cuidam da vertente física dos jogadores e da prevenção de lesões, que por vezes conseguem ser evitadas graças à monitorização detalhada de cada atleta.

A atual interrupção das competições de clubes pode ajudar a restabelecer alguns níveis físicos e a tornar menos visível o cansaço, ainda que existam vários elementos chamados aos trabalhos das seleções, em sinal do crescimento arsenalista ao longo dos tempos. Além disso, este período permite ainda realizar treinos específicos que, em tempo de competição intensa e calendário apertado, não são possíveis. Felizmente, longe vão os tempos em que a preparação dos bracarenses era feita em campos pelados ou a “subir escadas de chuteiras calçadas”. Hoje em dia, as condições proporcionadas em Braga são de excelência, restando aos jogadores a vontade de jogar e de dar o seu melhor pelo clube, em retribuição por aquilo que lhes é proporcionado.

O tempo agora é de preparação para o regresso às competições oficiais, onde o SC Braga ainda tem muito para disputar e para tentar conquistar. Os sinais dados em vários momentos prometem a evolução de um processo que pode conduzir a sucessos, sob a égide de Carlos Vicens.

Seguimos juntos rumo ao futuro.

António Costa

António Costa

13 novembro 2025