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A (ir)responsabilidade do grupo individualista no executivo municipal

O que aconteceu na estreia da oposição individualista – chamada por alguns de independente – na última reunião do executivo municipal é inadmissível.

Os integrantes da denominada “Amar e Servir Braga” começaram as suas atividades municipais da pior maneira possível.

Chumbar um projeto da envergadura de requalificação do espaço público do Populum e vias adjacentes é inadmissível atendendo aos motivos invocados.

Claro que será perfeitamente legítimo a oposição aprovar ou não aprovar o que quiser. Isso reflete as opções que tem para o concelho, de acordo com aquilo que se apresentou aos eleitores. Pelo menos é o que se espera.

Algo bem diferente é a candidatura individualista “Amar e Servir Braga” ter chumbado um projeto muito relevante para a cidade só porque, conforme declarou atabalhoadamente o seu líder, havia uma troca de alíneas na ordem de trabalhos e, conforme se concluiu, por manifestamente falta de estudo e de preparação deste importante assunto.

Aliás, a documentação para a reunião foi distribuída com a antecedência devida e portanto seria apenas uma questão de a estudar e preparar devidamente a reunião do executivo.

Ainda pode cima, no decorrer da semana que antecedeu a reunião poderiam ter pedido informação aos técnicos municipais, durante a reunião do executivo poderiam ter solicitado informações ao Presidente ou ainda pedir o adiantamento desse ponto da agenda para ulterior reunião para poderem analisar e votar mais conscientemente no caso de permanecerem dúvidas. Tudo isso é perfeitamente legítimo e possível.

A informação estava lá toda, aliás, como confirmaram outros vereadores da oposição e entregue com a antecedência devida.

Nada disso aconteceu e resolveram chumbar uma importante proposta apenas porque não se deram ao trabalho de ler e estudar ou o fizeram superficialmente.

Os integrantes da denominada “Amar e Servir Braga”, que toda a gente já percebeu estão ávidos para ter um ou outro pelouro, têm de perceber que tudo que diz respeito às grandes questões de Braga exige estudo, preparação, dinamismo e menos show off com sorriso presbítero para as redes sociais.

Os afazeres profissionais ou pessoais de cada um não podem interferir na atividade de autarca e não são desculpa para nada.

Eu próprio, na Assembleia Municipal de Braga há cerca de duas décadas, tive sempre imenso trabalho, estudo, dedicação para fazer as minhas intervenções, sendo nisso seguido por várias bancadas parlamentares. Nunca nos desculpamos pela nossa vida profissional. Quantas vezes tiramos tempo à família, à nossa vida e à nossa profissão para cumprir com os bracarenses. Quisemos os seus votos e aguentamos que é a nossa obrigação!

Braga exige estudo, dedicação, tempo, preparação técnica, capacidade política para enfrentar os seus desafios e lealdade, competência e dedicação para integrar um executivo municipal, dirigido por quem ganhou as eleições.

Caso contrário é muitíssimo melhor governar com minoria.

Já toda a gente percebeu que quem lidera o Município é João Rodrigues e será ele a decidir se distribuirá ou não pelouros e a quem e no tempo que achar adequado.

Espetáculos do mesmo tipo, como a estreia da oposição individualista, não deverão voltar a ter lugar porque Braga não merece isto !

Ainda bem que a situação poderá ser alterada com o assunto a voltar a votação do executivo municipal e seria bom que, entretanto, se a candidatura individualista, e o resto da oposição continuar com dúvidas, que aproveite este tempo para indagar o Presidente, perguntar aos técnicos municipais, ao mesmo tempo que estuda devidamente os dossiers, como é sua obrigação.

No fundo isto tudo decorre do nosso atual desadequado sistema político autárquico.

Por que é que o Presidente da Câmara Municipal não deverá ter no executivo como vereadores, a seu convite, quem no concelho esteja melhor preparado para dirigir determinados pelouros, independentemente de terem ido a sufrágio, ao invés de estar amarrado a uma lista de vereadores, seja do próprio, seja da oposição?

No entanto, esta matéria dá “para pano para mangas” e de intenso debate.

O que agora é necessário para Braga é uma oposição que, em vez de olhar para o seu umbigo, se prepare para o exigente desenvolvimento de Braga e, se quiser integrar o executivo, que o faça de uma maneira leal, competente e dedicada.

Amar e servir Braga exige preparação, estudo, dedicação e alma se serviço público e não retórica de um slogan.

Joaquim Barbosa

Joaquim Barbosa

12 novembro 2025