No mês da saúde mental parece pertinente refletir sobre o que é a saúde mental, tendo em conta que sentimos pressão e somos pressionados pela própria sociedade em encontrar uma plenitude a nível mental.
Segundo a OMS (organização Mundial de Saúde), a saúde mental é a capacidade que o indivíduo tem em encontrar ferramentas para solucionar situações negativas que afetam a sua vida/saúde.
Todavia, existem variáveis como o contexto social, económico, cultural, situações traumáticas de vida, fatores genéticos bem como um desequilíbrio químico do cérebro que poderão influenciar na nossa saúde mental, quase que automaticamente.
E quando não conseguimos identificar/utilizar essas ferramentas?
Assumimos que pedimos ajuda? Devemos? Ou esperamos que atenue com o tempo?
Pedir ajuda, implica tomarmos consciência das nossas fragilidades e aceitarmos que necessitamos de mudança. Mas será assim tão fácil aceitarmos e assumirmos essas fragilidades?
A saúde mental sempre foi negligenciada, devido ao estigma social e possivelmente porque a saúde física sempre foi encarada como a definição de saúde em termos gerais.
Preocupamo-nos sobretudo com o funcionamento do organismo, livre de doenças. Porém, nas situações em que se verifica ausência de doenças físicas e o corpo deixa de funcionar, sentimo-nos perdidos, angustiados, confusos, sozinhos alienados, falar-se-á em falta de saúde mental?
Na doença mental sofre-se em silêncio, o doente procura ajuda, mas afasta-a ao mesmo tempo e desespera em esperar.
Muitos doentes não têm cuidados, nem apoio social e familiar. E deambulam à procura de respostas.
É de salientar que cada vez mais existe a possibilidade de padecermos de uma doença mental, possivelmente já nos cruzamos com um colega de trabalho, um amigo, um familiar ou um vizinho com uma doença mental.
As perturbações mentais podem afetar qualquer indivíduo independentemente da sua cultura, status, crença ou religião e podem ser tratadas eficientemente.
No entanto conseguimos viver a nossa vida sem consciência, sem memória, sem identidade?
Numa sociedade em que a população envelhecida tem vindo a predominar, aumentam as patologias neurodegenerativas que afetam o parênquima cerebral.
As demências surgem como um flagelo da nossa comunidade, em que as respostas especializadas são cada vez mais reduzidas.
O risco de sofrermos de um transtorno Neurocognitivo Major, é significativo, tendo em consideração que o aumento da idade é um fator de risco na doença de Alzheimer (OMS).
As Irmãs Hospitaleiras de Braga: Casa de Saúde de Bom Jesus, sempre se apresentaram com uma sensibilidade para as demências com o projeto “Sempre em Mente”.
Este mês iniciou-se uma nova missão. Foi inaugurada a Unidade de dia Especializada em Demências, composta por uma equipa multidisciplinar onde serão prestados cuidados de saúde (diagnósticos ou terapêuticos) a utentes com demência bem como apoio aos cuidadores.
Em suma, só me resta reforçar que não existe saúde física sem saúde mental, estão interligadas e somente com uma visão global, com aceitação, compreensão é que poderemos alcançar o bem-estar que tanto ansiamos.