Braga aproxima-se de um novo ciclo político e urbano. Após as eleições autárquicas de 2025, João Rodrigues prepara-se para assumir a presidência da Câmara Municipal de Braga. Sem maioria absoluta e com apenas três vereadores eleitos pela Coligação Juntos por Braga, apenas estes com pelouros, se a opção for essa – legítima pois o vencedor tem o direito de escolher com quem governar a cidade –, o futuro edil enfrentará o desafio de governar num regime de consenso regular, levando a reunião de Câmara todos os assuntos relevantes. É uma tarefa complexa, sobretudo quando os temas da governação – mobilidade, urbanismo, habitação, ambiente e ação social – antes se dividiam entre seis titulares da mesma coligação.
O presidente eleito chega preparado. João Rodrigues é conhecido pela experiência e rigor técnico, fruto dos anos em que foi vereador com os pelouros de Urbanismo, Habitação, Inovação e Inteligência Urbana e pela experiência acumulada na presidência da Bragahabit. “Não era um sonho. Sou candidato pela experiência e conhecimento que adquiri”, declarou à Rádio Universidade do Minho, numa frase que sintetiza a sua abordagem pragmática e baseada no conhecimento real da cidade.
O programa eleitoral que apresentou é ambicioso, mas realista. Mobilidade, habitação e qualidade de vida formam o seu núcleo. “Queremos apostar na mobilidade, habitação e qualidade de vida das pessoas”, afirmou à Braga TV, antes de detalhar medidas concretas, entre elas, a promessa de transportes públicos gratuitos para todos os residentes, a construção da circular urbana externa de Braga e a conclusão da variante do Cávado em quatro anos. “As nossas estradas estão saturadas e Braga precisa de respirar”, disse ao apresentar a proposta, sublinhando que pretende reorganizar o tráfego automóvel, melhorar os eixos de entrada e criar sistemas inteligentes de gestão do trânsito, capazes de reduzir tempos de deslocação sem comprometer a segurança ou o ambiente.
Outra prioridade é a habitação acessível, onde defendeu uma visão estratégica: “Há cerca de 1000 hectares disponíveis para construção e é aí que Braga pode responder à procura.” O novo PDM deverá reservar áreas para novos empreendimentos e promover a regeneração de zonas degradadas, articulando o investimento privado com políticas públicas de renda acessível.
O contexto político abre, contudo, espaço a pontes programáticas com o PS e Ricardo Silva, que podem convergir com a estratégia de João Rodrigues, desde que prevaleça o espírito de cooperação, não parecendo curial ser a oposição a colocar-se em posição de reclamar ab initio linhas vermelhas, como se tivesse ganho as eleições.
Outras cidades europeias enfrentaram desafios comparáveis de tráfego e habitação — e as suas estratégias oferecem pistas sólidas que é possível equilibrar os meios de transporte e o espaço urbano, articulando gestão inteligente do tráfego com políticas habitacionais realistas.
Parma aprovou o PUMS 2025-2035, plano urbano de mobilidade que dá continuidade ao modelo iniciado em 2017 e visa melhorar a eficiência das deslocações. O município monitoriza indicadores de desempenho da rede viária e investe na requalificação de eixos periféricos. Em paralelo, executa projetos de habitação social como o MAS – Mosaico Abitativo Solidale, com 60 fogos no bairro Molinetto, e o histórico Parma Social House, apoiado pelo plano nacional PNRR.
Valladolid avança com novos troços de autovia, reduzindo congestionamentos e redistribuindo tráfego nos acessos. O município implementa também o Plano Municipal de Habitação 2021-2025, com programas de reabilitação e arrendamento acessível; em 2025, o Governo espanhol anunciou 200 habitações a preço controlado no antigo quartel La Rubia, em colaboração com a autarquia.
Nantes prossegue a modernização do seu anel periférico de 42 km, através de obras e medidas específicas para melhorar a fluidez. A política urbana integra ainda o projeto 5Bridges (5Ponts), financiado pela Urban Innovative Actions, que combina alojamento, inclusão e apoio social dentro da abordagem Housing First.
A cidade enfrenta agora um mandato exigente. João Rodrigues já mostrou capacidade de liderança e coordenação e as suas qualidades dão confiança na implementação do plano de mobilidade – começando pelo nó de Infias, a circular externa, o BRT – e no crescimento da oferta habitacional, mantendo o foco na elevação generalizada do nível de vida, permitindo transformar o atual constrangimento político num motor de inovação e coesão.