A Iniciativa Liberal apresentou-se às eleições autárquicas do passado dia 12 com uma proposta política de mudança. Essa proposta mereceu o voto de mais de 13 mil bracarenses, a quem agradeço profundamente, na eleição para a Câmara Municipal. Essa mesma proposta permitiu ainda que a IL obtivesse um significativo aumento da votação e da representação em diferentes órgãos autárquicos.
No dia 3 de Novembro, quando tomar posse do lugar de vereação para que fui eleito, é a este compromisso com a mudança, sempre na defesa dos interesses dos bracarenses, que manterei lealdade.
Tal implica, desde logo, assumir uma vereação de oposição em coerência com tudo o que afirmei durante a campanha eleitoral. O discurso da mudança é incompatível com qualquer entendimento de natureza global com o novo executivo que, sendo naturalmente legítimo, representa contudo uma solução de continuidade.
Esse discurso da mudança impõe ainda que o exercício dessa vereação seja orientado para um rigoroso escrutínio da ação do executivo. Os resultados eleitorais constituíram um cartão alaranjado ao desempenho do novo Presidente da Câmara enquanto vereador do executivo cessante. A coligação Juntos por Braga perdeu mais de um terço dos votantes de 2021 para 2025. O novo executivo é legítimo, mas não pode ignorar a mensagem que os bracarenses transmitiram nas eleições e deve interpretá-la com humildade democrática. A exigência relativamente ao novo executivo é assim, para além de uma predisposição pessoal, uma obrigação face ao resultado das eleições.
No contexto dessa atitude exigente, inclui-se o acompanhamento permanente do princípio da transparência, do equilíbrio financeiro e do cumprimento de promessas eleitorais. E, no que a estas últimas diz respeito, há uma que quero desde já realçar. Durante a campanha eleitoral, todas as candidaturas, incluindo a do novo Presidente da Câmara, manifestaram a vontade de avançar para a constituição da nova Área Metropolitana. Trata-se de um processo político determinante para Braga e para o Minho. A organização administrativa portuguesa apresenta uma disfunção de representação de dimensão regional que as CCDR e as CIM não estão em condições de suprir e que, no quadro atual, só a Área Metropolitana pode preencher. Só a Área Metropolitana pode assegurar a escala, a coordenação e o financiamento necessários para que estejamos em condições de competir com o Porto em matérias fundamentais. Pois bem, os resultados eleitorais trouxeram condições incomparáveis para que esse processo possa avançar. Agora, não só o governo da República é social-democrata, como os municípios de Braga, de Barcelos, de Famalicão, de Guimarães, de Amares e de Vila Verde são liderados por autarcas do PSD. Isto significa algo evidente: nestas circunstâncias, a Área Metropolitana só não avança se o PSD não quiser. A minha convicção é a de que o PSD não quer e que chegaremos ao final do mandato sem que nada tenha avançado neste processo. Para bem de Braga, espero estar enganado.
Essa mesma atitude de escrutínio exigente estará presente em todas as outras matérias, da mobilidade à segurança, da competitividade à qualidade de vida. E estará também dirigida à capacidade de ser exigente perante o poder central. Braga não pode contentar-se com palmadinhas nas costas, com boas intenções e com migalhas destinadas a distrair as atenções. Essa capacidade, que faltou no executivo anterior, tem agora de estar presente. Mais uma vez, a minha convicção é a de que infelizmente não será assim. Mais uma vez, para bem de Braga, espero estar enganado.
Estes são apenas alguns exemplos que deixo sobre o novo caminho que deve ser trilhado. O desejo de mudança foi muito forte nestas eleições. Não foi suficiente para mudar o executivo, mas deve ser mais do que suficiente para que o executivo compreenda que tem de mudar. Da minha parte, os bracarenses podem contar com uma oposição exigente, mas construtiva. Rigorosa, mas leal. Assertiva, mas responsável. Braga pode tornar-se na Capital do Norte. Como vereador, farei tudo o que estiver ao meu alcance para que tal aconteça.
