A água é o elemento vital do nosso organismo, representa a maior parte da composição do corpo humano e participa em processos essenciais como o transporte de nutrientes e oxigénio para diversos orgãos, regula a temperatura corporal, facilita a digestão, elimina substâncias tóxicas e garante o bom funcionamento das células, músculos e órgãos. Além disso, melhora a capacidade cognitiva, potencia a memória, a atenção e a concentração. Quando o corpo perde mais líquidos do que aqueles que ingere, instala-se a desidratação — uma forma silenciosa de malnutrição com consequências graves.
A ingestão adequada de líquidos, apesar de ser essencial para todos, exige uma atenção especial nas populações vulneráveis, tais como os idosos e os doentes crónicos.
A quantidade de água no organismo humano varia nas diferentes faixas etárias e com o avançar da idade tende a diminuir. Nas pessoas idosas a desidratação pode estar associada à diminuição da sensação de sede, a défices cognitivos, à incontinência urinária e a dificuldades em engolir. No que diz respeito às consequências, destacam-se a má cicatrização; alterações do trânsito intestinal (obstipação); infeções urinárias; a boca seca; a diminuição da produção de suor; a urina com cor/odor intensos e sintomas como o cansaço, tonturas e confusão/delírio, que podem provocar um maior risco de quedas.
À semelhança do que acontece na população idosa, as pessoas com doenças crónicas apresentam-se mais suscetíveis à desidratação, devido às limitações impostas pela própria patologia e/ou tratamentos realizados. Alguns exemplos de doenças são: a demência que compromete a memória e a capacidade de autocuidado, dificultando a gestão de necessidades básicas como a ingestão de líquidos regularmente; os acidentes vasculares cerebrais, que podem causar limitações motoras e dificuldades em engolir; e a diabetes mellitus que, quando não controlada, aumenta a eliminação de urina.
De forma a assegurar um aporte hídrico adequado, existem algumas estratégias eficazes como controlar a quantidade de água ingerida através da contabilização numa garrafa; aromatizar a água de forma natural (limão, laranja, maçã, pepino, hortelã); consumir mais sopas, frutas, hortícolas, leite (alimentos naturalmente ricos em água); ingerir água gelificada (bebida com textura em gel, para o caso de dificuldade em engolir); e a preparação de infusões (por exemplo, de camomila, tília ou cidreira).
Concluindo, a desidratação pode ter múltiplas consequências, aumentando a morbilidade e a mortalidade. Por isso, é crucial promover a literacia em saúde e sensibilizar a população sobre a importância da hidratação, de forma a minimizar os impactos na saúde e os reduzir o número de internamentos hospitalares devido a esta causa evitável. Hidratar é um ato simples, mas vital, que está ao alcance de todos.
A importância da hidratação na saúde dos idosos e doentes crónicos

Maria João Azevedo e Joana Leite Ribeiro
17 outubro 2025