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Viveiro de talentos

O viveiro de talentos que existe em Braga tem uma relação estreita e direta com as infraestruturas criadas na construção da Cidade Desportiva. A bíblia fala-nos de outros “talentos”, em forma de dinheiro dado a várias pessoas pelo “Mestre”. Esses talentos, mencionados no livro sagrado, são diferentes dos desportivos, que se referem ao potencial que cada atleta pode possuir e desenvolver. 

Os talentos citados na religião tiveram destinos diversos: alguns foram investidos e multiplicaram-se; outros foram escondidos por medo de serem perdidos e, por isso, não deram frutos. No desporto, passa-se algo semelhante. Cada indivíduo possui um talento inato, maior ou menor, e é a forma como esse talento é trabalhado que determinará o seu desenvolvimento e a sua rentabilidade futura. 

O SC Braga oferece, a quem o representa nos escalões formativos, todas as condições para que o sucesso fique mais perto. Ano após ano os jovens escalões brácaros lutam por títulos e vão conquistando alguns. Contudo, o maior dos troféus consiste na preparação dos jovens para alcançarem a equipa principal, num sonho que norteia todos os que representam o clube. Essa passagem, para a equipa principal, nem sempre é feita com o devido cuidado, existindo casos em que alguns atletas se estreiam pela equipa principal a partir de um mar de facilidades para se impor, algo que muda no escalão acima. É neste contexto que um atleta pode fazer o percurso inverso e jogar pelo seu escalão natural, mesmo que treine em o patamar superior. Esse retorno não deve ser visto como um castigo ou despromoção, mas sim como uma forma de continuar a evoluir em competição, sobretudo quando as oportunidades no escalão acima são reduzidas, residuais ou até inexistentes. Voltar a competir num nível mais adequado à idade pode proporcionar um crescimento mais natural. Há casos em que o sucesso pareceu demasiado fácil, sem preparar devidamente os jovens para a adversidade. Só quando os jovens saem da zona de conforto e enfrentam realidades mais exigentes é que passam a valorizar, de forma diferente, aquilo que sempre tiveram.

A integração dos jovens no plantel principal deve envolver os jogadores mais experientes, que muitas vezes são referência para os mais novos. A transição entre escalões deve ser cuidada e articulada, preparando uma mudança coerente que permita o surgimento de novos talentos ao lado de nomes relevantes como Pedro Neto, Trincão, Vitinha ou Roger. Naturalmente, nem todos os talentos formados na Cidade Desportiva poderão permanecer no clube, pois, algumas transferências serão sempre necessárias, em nome da estabilidade financeira desejada. Atualmente, crescem em Braga, entre outros, Lukas Horniceck, Gorby, Diego Rodrigues e Sandro Vidigal, atletas que têm sido importantes na equipa principal e que continuam a desenvolver o seu reconhecido potencial, beneficiando da aprendizagem junto de jogadores experientes ao serviço de Carlos Vicens.

O caminho de desenvolvimento e promoção dos talentos na Pedreira tem que ser uma prioridade, pois assim se criarão condições para um sucesso sustentado no futuro e a chegada aos títulos que todos ambicionam dentro da Legião. 

António Costa

António Costa

16 outubro 2025