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O novo prémio Nobel da Paz: Maria Corina Machado

Certamente que todo o mundo esteve atento à muito recente atribuição de Prémio Nobel da Paz. Sem ser em disputa voluntária entre dois personagens do mundo político dos nossos dias, exactamente: o Presidente actual dos Estados Unidos da América, Donald Trump e uma figura da oposição ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, Maria Corina Machado.


 

Ambos apresentavam provas cabais do seu combate pela liberdade e pela paz que devem presidir aos destinos de todas as sociedades. Trump lutou e parece ter conseguido, pelo menos por agora, que uma pequena zona do Médio Oriente, a chamada Faixa de Gaza, possa ter uma vida livre e – esperemos – sossegada, depois de tanto tempo de destruições e mortes causadas pelas forças israelitas, na sua luta contra o Hamas, que, em Outubro de há alguns anos atrás, numa incursão súbita do território judeu, trouxe a morte a muitas pessoas e a declaração de guerra que Israel decretou contra os seus agressores. Admiremos, sem dúvida, todo o esforço desenvolvido pelo actual Presidente dos Estados Unidos, que resultou num cessar fogo. E, ao que parece, está a trazer àquela pequena parte do mundo, melhores condições para retomar uma vida normal e pacífica. 


 

Maria Corina, com antepassados portugueses, que vive fora da sua pátria dominada por uma ditadura pessoal, luta incessantemente pela liberdade do seu país. É corajosa e estimada por uma boa parte da população venezuelana, mas a força do ditador Nicolás Maduro, repudiada por muitas figuras políticas do mundo actual, é implacável e não tolera o acesso de quem o critica a uma luta verdadeiramente livre e democrática. Ele tem o poder e não admite críticas às suas decisões de comando.

 

Assim aconteceu, por exemplo, nas últimas eleições presidenciais venezuelanas, em que a contagem dos votos, que deram a Maduro a vitória, foi contestada pela oposição, que não pôde aceitar a validade dos resultados apresentados pelo ditador. A referida oposição apresentou números completamente diferentes daqueles que o proclamado vencedor atribuíu a si mesmo. Segundo os dados de Maria Corina, os eleitores tinham concedido ao candidato a presidente que o seu grupo escolheu, Edmundo González, 67,08% dos votos. Maduro declarou-se vencedor com cerca de 52%.


 

Uma ditadura é sempre um regime em que as decisões de quem manda são irrefutáveis. Daí que a opção dos eleitores que Maduro atribuiu a si mesmo foi suficiente para continuar a governar, não admitindo e não considerando os dados bastante diferentes que a oposição apresentou.


 

Portugal conheceu, durante longos anos, uma situação aparentada com aquela que se vive na Venezuela nos nossos dias. No entanto, o nosso principal governante não manifestava e não procedia de uma maneira tão descaradamente repressiva como Maduro. É que este parece que tem uma feição desgovernada na sua maneira de mandar e de se impor. Não age, aparentemente, pela calada, manifestando o seu poder pessoal dum modo duro, vigoroso e impositivo. Faz o que pretende e obriga descaradamente os cidadãos a respeitarem o que determina. É um ditador e o que ele decide não é para se discutir nem, muito menos, para se criticar de uma forma clara e pública, como é normal num regime verdadeiramente democrático.

P. Rui Rosas da Silva

P. Rui Rosas da Silva

14 outubro 2025