Esta Europa de bem-estar, à qual pertencemos, apresenta-se hoje num período de “guerra aos bocados”, um xadrez caleidoscópico, de um momento para outro, pode ser um vulcão, ou terramoto: “um gigante económico, porém um anão” sob o aspecto político e militar. A prova é que não é capaz de controlar ou conter a sanha de Putin com ambições imperialistas, embora serenando hipocritamente os ucranianos, ou pondo-se de joelhos perante Trump, como sucede na Inglaterra, que abre um fosso privilegiado no Ocidente, corolário da sua separação através do Brexit.
A Europa, com a sua nomenclatura em Bruxelas e arsenal militar da Nato, perdeu o seu protagonismo económico e político, refugiando-se numa NATO, que, tímida, cheia de medo, terror e receio, mais se porta como observadora do que proativa na busca da paz. Seja como for, todos sofrem as consequências de um desnorte, alheios aos apelos de paz dos grandes e do papa Leão XIV, enquanto potencias emergentes como a China, Índia ou Coreia se juntam em surdina ligados a outros satélites, como esfinges a assustar o Ocidente luxuoso, agnóstico e longe dos valores cristãos, como se exprime em Israel num “genocídio” tão atrevido como o holocausto, em sinal do abastardamento e tresmalho de valores de humanidade.Tudo parece inverter-se, e os direitos humanos a preservar a dignidade humana, são calcados aos pés, em nome de uma democracia enviezada ou autocracia, que esmaga os mais fracos com ambições autoritárias, apoiadas por tendências imperialistas ou totalitárias.
Onde estamos e para onde vamos? Quem poderá pôr termo a tanta desorientação, barbárie, ódio, ambição daltónica e confusão esquizofrénica? A que podemos agarrar-nos no meio de tanta disfunção bélica, social, económica, política numa Europa rica – com uma França desorientada –, onde existem ainda mais de 97 milhões com fome, e onde os valores da solidariedade e de um cristianismo também em crise, parece contar muito pouco?
Não estaremos a viver uma época de decadência, e de anemia espiritual e social dos valores que nos fizeram grandes no passado, mas hoje despertados por extremismos, que, em nome de corrupção, populismo e daltonismo ideológico,se radicalizam de cada vez mais, chamando a atenção para um equilíbrio mais humano, menos político e mais solidário?
Putin conhece as fraquezas do Ocidente, não as quer, inveja-as, e o povo as aprecia, mas os valores são outros de ideologia-outra, todavia põem também em risco a nossa sobrevivência e os ideais que veiculamos através de pretensas elites, que nos apresentam de modelos.
A imigração entre nós, a colmatar um inverno demográfico e falta de mão de obra, a subsídio-dependência a confirmar a preguiça, falta de empenho construtivo solidário, em nome de um socialismo humanitário levaram a esta situação de um viver à custa dos outros que trabalham, e hipoteca de cada vez mais o nosso futuro e das novas gerações.
Porquê tanta alergia a reformas estruturais? Porquê baixos salários e tanto consumismo sem produtividade, apesar de longas horas de trabalho? Porquê escolas e universidades com alunos desmotivados e professores sempre reivindicativos, apesar de privilegiados na função pública?
Quando deixaremos de estar na cauda da Europa? Mas seremos iguais no armamento.
Até quando?..