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Mapeamento de líderes pouco credíveis

Numa época em que a comunicação social - na política, na guerra e no… futebol - opta por dar voz e visibilidade aos maus exemplos - por ser aquilo que vende no espaço mediático - é tempo de lhes lembrar algumas verdades, inconvenientes.

O que vemos? Um dos senhores do mundo sugere que todos gastem mais em armamento, e, simultaneamente, publicita-se como candidato a Nobel da Paz; o dono da Rússia e arredores a deixar a vizinhança sobressaltada porque considera o seu imenso país, ainda pequeno, para as suas ambições; o líder dos que sofreram no Holocausto da II Guerra Mundial a repetir com outros o que lhes fizeram a eles. 

Por cá, no futebol, temos também três putativos “grandes” líderes, que se mostram demasiado pequenos em repetidas afirmações de prejuízo em relação aos…outros. É nestas alturas que não sabemos se devemos rir ou chorar! Devemos chorar, porque rir seria pactuar com uma irresponsabilidade da qual nos tornaríamos cúmplices. Pensava-se que, depois de PC, BC e LFL, o bom senso surgiria, mas ao que se vê, lê e ouve, se o ridículo matasse, teríamos eleições para três clubes em simultâneo. Um ex-treinador, um médico e um ex-jogador unidos no propósito de contribuir para a degradação da modalidade que lhes permitiu o nível de vida que têm e o lugar que ocupam. Depois, admiram-se e criticam, os seus grupos de adeptos por lançarem artefactos pirotécnicos e fumos, por cá e no estrangeiro. Acreditem, apenas estão a imitar-vos. A diferença é que vocês incendeiam com palavras, eles com ações. Mas o problema mesmo, é todos padecerem do mesmo mal: uma enorme (embora consciente) falta de cultura desportiva. Alguém tem de vos lembrar que um líder é, por inerência, um educador emocional. Para isso, tem de educar-se primeiro a si próprio. Se não o conseguir, dificilmente o fará com os outros. Devem perceber também que de entre as inúmeras caraterísticas que todos possuímos, nenhuma tem tanto impacto, nem é tão difícil de possuir, como a credibilidade. Esta é consequência e, simultaneamente, prémio para quem, na sua trajetória de vida, se pautou sempre por elevados valores éticos e morais, e cujas atitudes e postura lhe permitem criticar e incentivar à mudança e consequente melhoria de comportamentos.

Assim como considero uma enorme falta de bom senso haver quem sugira o presidente dos EUA para Nobel da Paz, também não atribuiria o cartão branco, sinónimo de fair play e de condutas eticamente corretas, a nenhum dos três.

Aos presidentes dos países, deixo parte de um poema da Balada de Neve, de Augusto Gil: Que quem já é pecador, sofra tormentos, enfim! Mas as crianças, Senhor, por que lhes dais tanta dor?! Por que padecem assim?


 


 


Aos presidentes dos clubes deixo esta ideia transcrita no meu livro, pelo professor Júlio Garganta:

“O impacto que o futebol tem na sociedade será sempre um reflexo da formação pessoal e profissional dos seus intervenientes, pelo que importa fazer dele uma atividade desportiva cada vez mais humanizada e humanizante, concorrendo para a qualidade de vida das pessoas e para ampliar a visão do mundo.”

Carlos Mangas

Carlos Mangas

10 outubro 2025