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Dia Mundial da Saúde Mental: o papel da família e da comunidade no apoio à saúde mental

A saúde mental é um direito humano fundamental e uma condição indispensável para o bem-estar e a qualidade de vida. Cerca de 20% dos portugueses sofrem de uma perturbação mental, e metade da população terá alguma experiência com transtornos ao longo da vida. A ansiedade e a depressão são os problemas mais frequentes, sendo que a depressão afeta cerca de 12% dos portugueses. As perturbações mentais são a segunda maior causa de incapacidade em Portugal e representam uma carga significativa de doença no país. 


 

Não existe saúde, sem saúde mental e a saúde mental é um direito mas também um dever de todos nós. No Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado a 10 de outubro, renova-se o apelo a uma sociedade mais consciente, solidária, compassiva e comprometida com o equilíbrio psicológico de todos os seus cidadãos. 


 

Desde o nascimento, é na família que se constroem os primeiros laços afetivos e se desenvolvem os alicerces e as competências de regulação emocional que moldam a forma como lidamos e nos relacionamos com a vida. O sentido de segurança, pertença, aceitação, respeito, o estabelecimento de limites, o amor e a comunicação aberta são fatores protetores que fortalecem a autoestima, a autonomia e a resiliência. A família é muitas vezes a primeira a identificar sinais de sofrimento psicológico e a procurar ajuda. Contudo, a família pode também ser um fator de risco quando o ambiente é marcado por conflito, violência, abandono ou expectativas irrealistas. Nestes contextos, as dificuldades emocionais tendem a agravar-se e a resposta de saúde torna-se mais urgente. Por isso, é essencial que as famílias sejam acompanhadas e capacitadas para promover relações saudáveis e estáveis, fundamentais para o bem-estar de todos os seus membros. 


 

A comunidade, por sua vez, tem um papel igualmente determinante. Redes de vizinhança, grupos de apoio, escolas, associações locais, autarquias e serviços de saúde devem unir esforços para criar contextos de proximidade e apoio. As chamadas “comunidades compassivas” – que valorizam a empatia, o cuidado mútuo e a inclusão – são hoje reconhecidas como modelos eficazes na promoção da saúde mental. 


 

Estas comunidades integram redes de apoio estruturadas, que ligam profissionais de saúde, cuidadores, instituições e cidadãos em torno de um objetivo partilhado: promover o bem-estar psicológico e prevenir o sofrimento. Programas de educação para a saúde nas escolas, grupos de apoio, projetos culturais e campanhas de literacia em saúde mental são instrumentos que fortalecem estas redes e ajudam a construir uma sociedade mais atenta e solidária. 


 

Em Portugal, a reforma da saúde mental tem procurado precisamente consolidar esta visão integrada. A aposta em modelos de cuidados integrados centrados no utente e nas suas necessidades. Trata-se de um novo paradigma de atuação, mais próximo, ágil e humanizado, que reconhece que a saúde mental não é apenas um direito, mas também uma responsabilidade de todos nós. Famílias, comunidades e instituições devem caminhar lado a lado, construindo um ecossistema de cuidado que garanta o acesso, a dignidade e a esperança a quem mais precisa. 


 

Neste Dia Mundial da Saúde Mental, o desafio é claro: transformar a empatia em ação. Cuidar de quem cuida, escutar quem sofre e participar ativamente em redes de apoio são gestos simples, mas poderosos. A saúde mental começa em casa, cresce na comunidade e fortalece-se quando todos escolhem cuidar – com compaixão, compromisso e humanidade. 

Mafalda Alvelos

Mafalda Alvelos

10 outubro 2025