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Autárquicas – breves reflexões

A maioria dos políticos não têm ideias e os Partidos não têm líderes à altura das necessidades do país. O povo deserta das eleições e sabe-se que cerca de 30 Câmaras municipais nunca mudaram de cor partidária e a corrupção manda, é senhora e reina como e onde quer;


 

Na política à portuguesa, melhor, nas campanhas ateatradas, há pejo em falar de certas vidinhas económicas criadas, de incompetências provadas, e lá vão pensando os candidatos que o povo é asno e lhe basta prometer uns rebocados para as algibeiras e uns pirolitos para beber em casa;


 

Logo, deve-se admirar uma campanha eleitoral (se for bem feita), mas estar atento ao que dizem os candidatos. Quando se ouve frases com filosofia, ciência e ideologia, consola. Pena é quando se tem de concluir que tudo não passou de um monte de areia sem cimento e sem ferro;


 

Assim, há que procurar conhecer bem todos os políticos que exercem funções ou que as venham a exercer. E duvidar deles é normal, é seguro, embora deselegante. Porque acreditar neles no tempo que passa, é ao contrário: anormal, inseguro, embora seja elegante;


 

No fim de uma campanha eleitoral, bastantes eleitores sentem-se como que naufragados: baralhados, com medos e com ausência de culpas. Doenças que os actores fabricam sem que aqueles as saibam curar. Logo, ser urgente investir contra o sonambulismo, a cegueira votante ou a estupefacção;


 

Anuncia a Monarquia que qualquer poder exercido pelo homem “provém de Deus”. Aceito, embora se saiba o homem ter de lavrar o terreno e de o semear. Mas o poder nunca pode ser exercido por irresponsáveis ou por cérebros vazios, uma vez que o poder é servir, ser fiel e com boa dose de inteligência;


 

Não existem grandes males nas democracias a nível local. Mal existe nas mentiras, nas campanhas e nas eleições incultas; nas afirmações e promessas que se não cumprem e, mal também existe em certas minorias que só obstruem, por falta de rumos e de nobres ideais;


 

Há políticos locais ou a nível nacional que não sendo nada, nada fazem, nada dizem e pouco ou nada muda no país ou na cidade. Só não se entende porque ao nada fazerem, hão de ser o peso dos contribuintes e o embaraço dos competentes;


 

Os elementos de uma autarquia ou de um governo podem não ter pés, mãos ou outra deficiência semelhante. O que nunca se pode admitir – porque pagos e com reformas muito antes do tempo normal – é que não tenham ideias. Não as tendo, não passam de cérebros despejados;


 

Queixam-se milhares e milhares que os beneficiados do poder são alheios aos anseios nacionais e locais. Então há culpados? Convém ter em conta que homens sérios no poder em Portugal há, mas são tão poucos que nem se veem. E sendo vistos, poucos os conhecem. Quanto aos alheados sentem-se enganados, frustrados, porque a resolução das porras locais e nacionais… olarilolé!


 

Entendo que uma sã democracia acontece quando os cidadãos intervêm na resolução dos problemas e anseios locais e nacionais. Os votantes elegem os seus representantes e deveriam fiscalizá-los, tomando parte activa. Nas Câmaras ou na Assembleia da República, quem fiscaliza seriamente e quem toma parte activa? Só a oposição e sempre muito mal! Os votantes – não políticos – não passam, pois claro, de súbditos dispensados;


 


 

Há grupos concorrentes ao poder, que vencem sem convencer.

Vencer com argumentos sólidos, razões e trabalho feito, é convencer.

Vencer pela força, pela mentira ou pagando para vencer é vencer mal. E aos vencidos, mas não convencidos pela pouca ou nula evidência, só lhes resta um comentário: vencer assim só de brutos ou palhaços;


 

Assim, para que passe a existir política clara e democracia perfeita cá no burgo, é necessário que se vote em pessoas ricas, filhos únicos e órfãos. Os ricos porque não necessitam de fazer negócios duvidosos; os filhos únicos porque não têm sobrinhos para as benesses e os órfãos porque podem não ter interesse nas cunhas em favor dos tios.


 

Finalmente, recordar que todos os povos têm (deveriam ter) direitos. E um dos mais importantes direitos é escolher os governantes. Sendo possível, há que conhecer os líderes, seus programas, suas personalidades e, sobretudo, saber rejeitá-los atempadamente, pelas ideologias “adversas” já impostas e pelo não respeito dos votos nas urnas, como já nos aconteceu em 2015, originando a maquiavélica “geringonça”.


 


 

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)

Artur Soares

Artur Soares

10 outubro 2025