Quando vemos uma criança de meses e até aos dois ou três anos de idade desnudada, logo nos justificamos pensando que ainda é a “idade da fraldinha ou inocência”. E vemo-las naturalmente assim na praia ou até na rua. Depois dessa fase, acusamo-nos de que é descuido d’alguém ou até será pobreza.
Nestes tempos a nudez pode ser por distracção, inconsciência ou falta de pudor, à excepção d’alguns povos africanos, que por costume tribal, semidesnudam-se.
Há sessenta anos atrás havia os desfavorecidos na posse de vestes. E aconteciam rasgões no vestuário, mas logo se colocava pano a tapa-los. Só as gentes mais abastadas enfardavam roupas em bom estado. Por isso, não havia hipótese de existir frinchas ou nudez. E quem por acaso tivesse rasgões ou nódoas nas vestimentas, a multidão acusava-os de pobres e malcheirosos.
No vestuário – já há muitos anos – temos os “atrevidos” que inventam as modas e os “resignados” que as seguem de perto. As modas são constantes. Há vestidos com pregas ou lisos, compridos ou não, de cores simples ou aberrantes, e transparentes até ao ponto de não interessar o vestido, mas do que interiormente possa mostrar. É a moda.
É o poder de compra e é a revelação do carácter de quem usa tais vestimentas. Na verdade, cada pessoa imprime no vestuário que usa, qualquer coisa do seu próprio eu.
Inventam e seguem-se as modas. E bem sabemos que as modas femininas visam a nudez da mulher, a indignidade da mulher, o abandalhar da personalidade e do carácter da mulher: vestidos sem tecido no peito e nas costas, calças e blusas sem cinta.
Eis as modas que os atrevidos oferecem e que muitos resignados aceitam. E o que sentem nos ambientes profissionais e sociais os maridos ou os pais de pessoas que vestem roupas sem gola, blusas sem fralda e calças sem cinta?
Jamais serei travão do progresso que beneficia – vendo-se bom senso, inteligência e a ausência de escândalos por aberrações vestiárias. No que já vivi e no agora, soube-me bem certas mudanças – a evolução em muitas coisas e sobretudo a liberdade que adquiri. Mas é preocupante, actualmente, ver que o mundo feminino – de qualquer parte – procura imitar as tribos africanas ou pensa que vive na idade das fraldinhas ou da inocência. E que bonito é, ver uma mulher ou um homem, dignamente vestidos!
Há exageros no vestir como se sabe e vê. É público e oficial que em Albufeira-Algarve, a câmara municipal oficializou normas de comportamentos para se viver/passear nessa cidade. Assim, foi proibido andar de trono nu pelas ruas, o uso de fato-de-banho, de biquíni, de triquíni ou de comportamentos que escandalizem, que me parecem correcto.
Há pouco tempo atrás, um deputado do Governo da Madeira, impôs normas de vestuário aos operadores de imagem e repórteres fotográficos para entrarem no Parlamento Regional, isto é, exigiu “bom senso e decência no vestir”, respeitando não só o Parlamento em si, como o povo da Madeira, o que lhes valeu serem cognominados de salazaristas e retrógrados.
Recordemos também, que o então senhor Bispo de Leiria/Fátima, D. Serafim Silva Ferreira e perante mais de quatrocentos mil peregrinos, ao terminar as celebrações fez um apelo delicado à multidão e por isso mesmo feito com toda a delicadeza.
Pediu o referido Prelado, que os peregrinos fossem cuidadosos em “não fazer daquele recinto local de turismo e, muito menos local de praia”. Entende-se o pedido, entende-se querer arredar de um local sagrado a falta de pudor. Sabe-se que o escândalo fere, destrói.
Nos tempos “modernos” destes últimos anos, um problema se vem conhecendo/vivendo: nas Paróquias, fruto do progresso e da moda, há pessoas que aparecem somente para casar, baptizar os filhos, dar-lhes a primeira comunhão, etc. E nessas celebrações é vulgar ver-se a falta de respeito no vestir e no mau comportamento verbal. Isto é, fala-se dentro da igreja no mesmo tom que cá fora se fala e faz-se da Casa de Deus, turismo.
Terrível, terrível, é ver que se abeiram do Sacerdote para receber o Corpo de Cristo, pessoas mais despidas que vestidas, para receberem o seu Senhor.
Pelo que se passa e vê, torna-se urgente que de cima dos altares e nos bancos da catequese – se imita D. Serafim Silva Ferreira, a par das normas do Governo Regional da Madeira e da Câmara de Albufeira, no que toca à falta de pudor, verificada tantas vezes nas nossas igrejas, nas nossas celebrações católicas.
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)