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Mar de equívocos

O SC Braga tem tido um percurso oscilante e descendente ao longo desta época que inquieta toda a Legião do Minho.

A escolha inicial do novo treinador recaiu sobre o espanhol Carlos Vicens, cujo contrato de longa duração permitia a subida de patamar competitivo do clube para níveis que fizessem sonhar a Legião com um inédito título de campeão nacional, a partir de um trabalho sustentado no tempo.

A pré-época deu sinais amplamente positivos, com a escolha de adversários competitivos, em detrimento de facilidades, que guindaram a equipa para níveis que permitiram eliminar os diferentes adversários no caminho de acesso à Liga Europa. Os jogos de preparação mostravam um conjunto brácaro a fazer pressão alta e a provocar erros no adversário que se traduziam em golos, parecendo existir trabalho efetivo de campo com resultados práticos, que carecia de confirmação.

A preparação da nova temporada registou um pleno de triunfos e preparou as três eliminatórias europeias, que foram superadas com sucesso, havendo apenas a lamentar um empate no primeiro jogo oficial, a que se juntaram a seguir cinco triunfos. A estes resultados juntou-se a recente vitória frente ao Feyenoord, na fase de liga da Liga Europa, num percurso quase imaculado, que orgulha qualquer adepto.

Internamente, a liga portuguesa começou com dois triunfos e parecia haver um caminho seguro rapidamente ganhou desvios preocupantes, com os brácaros a realizarem a seguir cinco jogo jogos sem qualquer triunfo. São jornadas a mais sem vencer para os hábitos das últimas décadas. Além dos três empates e duas derrotas caseiras verificadas, a equipa, durante este percurso negativo, abdicou dos princípios em que assentara o início da sua preparação, fazendo-a mergulhar nas profundezas de um mar de equívocos, e o tão falado processo sofreu vários acidentes aleatórios, com efeitos nefastos na sua evolução. Esta situação criada não permite observar no horizonte coisas positivas, porque a bipolaridade entre competições internas e externas colocam o SC Braga em posições nada recomendadas da tabela classificativa, numa época em que o investimento na constituição do plantel foi elevado. Agora, à posteriori, é possível verificar que o grupo constituído é desequilibrado, algo que se tornou mais notório com as lesões acontecidas, que enfraqueceram o coletivo. Todavia, o contexto existente não justifica a perda de tantos pontos em casa, onde a Pedreira deveria ser uma fortaleza e mais parece um castelo de areia, sendo demasiado fácil obter sucesso como visitante.

O caminho está cada vez mais estreito e a margem de manobra reduzida para o treinador Carlos Vicens, porque os resultados representam uma ditadura no futebol. Esta encruzilhada em que a equipa do SC Braga se colocou, com culpas repartidas por todos, pode ter duas saídas no horizonte, sendo uma aquela em que se acredita no projeto e no comandante, continuando o percurso, mesmo com acidentes lamentáveis, ou, por outro lado, reconhecer que houve um erro na contração do técnico e na duração proposta no contrato, assumindo esse erro e emendando-o, com a sua eventual substituição.

Assim, compete a quem gere o clube tomar aquela que consideram a melhor decisão, assumindo-a em pleno. E se a decisão for de continuidade convém que os jogadores passem das palavras aos atos e remem no mesmo sentido do treinador, tendo em vista o sucesso do clube.

António Costa

António Costa

2 outubro 2025