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Amar e servir Braga

Quem ama cumpre, coloca-se ao serviço, serve sem ser servido, não se ensoberbece e pede desculpa pelo que possa não ter feito assim. Isto vale na vida em Família, em sociedade, assim como na vida democrática. Quem já escutou alguma vez um pedido de desculpas de um governo, de um candidato eleito e da sua equipa, por alguma culpa praticada, por uma promessa adiada ou colocada de lado? Não creio que ao longo dos últimos anos o Executivo bracarense tenha admitido um deslize, uma imprudência, uma opção política mal amanhada, mal calculada ou sob impulso. As decisões foram sempre admitidas como as melhores, as únicas que respeitavam a boa gestão da coisa pública, as que asseguravam a satisfação dos superiores interesses dos eleitores, e por aí adiante. Sabemos, e eles sabem, que não foi assim. Amar e servir a população que se tem a cargo exige outro comportamento. Exige, desde logo, que o foco esteja sempre e totalmente na satisfação do interesse das populações.

Achei curioso que um movimento que se candidata em Braga às eleições autárquicas tenha escolhido para designação e como slogan de campanha “Amar e servir Braga”. Uma enorme responsabilidade! Na verdade, é todo um programa que põe o dedo na ferida e reconhece que qualquer decisão, da mais banal à mais estruturante, visa exclusivamente o interesse dos eleitores e não o do seu movimento, por mais moderno e inteligente que possa parecer. O candidato a Presidente da Câmara de Braga que abraçou aquele slogan fez dos doze anos de gestão autárquica como primeiro responsável de uma Junta de Freguesia a tradução prática dessa vontade e disponibilidade de serviço. Pretende agora continuar essa prática na gestão de um território mais amplo, o do concelho. Amar e servir duzentos mil eleitores não será tarefa fácil, naturalmente, mas Ricardo Silva tem essa disponibilidade e dá garantias aos bracarenses de que pode servir melhor do que João Rodrigues, o candidato da continuidade.

O voto depositado nas urnas no próximo dia 12 de Outubro pode mudar a vida dos bracarenses. Os resultados poderão abrir um caminho novo, mais auspicioso. A mudança é quase sempre bem vinda, sobretudo, se trouxer força e dinamismo à actividade do município, ainda mais quando no balanço de três mandatos se percebe que muito mais podia ter sido feito em prol da população. Afinal, o que fica de doze anos de governação Juntos por Braga? Do que é que se vão lembrar os residentes de todo este tempo? Isso, vão lembrar-se das noites brancas e de outras festas no centro da cidade, e de uns quantos concertos. A visibilidade da Edilidade advém quase só desses eventos, o resto não se vê porque não existe. Muito pouco ficará para a história. Claro, quando não se faz pela vida das populações a obra não aparece. Apenas com anúncios não se constrói o presente e muito menos se construirá o futuro. A gabarolice pode influenciar alguns eleitores momentaneamente, mas não realizando nada por si mesma, mais tarde ou mais cedo aquela vai ser percebida como tal e acabará por destapar a careca dos que a praticaram.

O Movimento independente protagonizado por Ricardo Silva apresentou-se como a melhor candidatura para lidar com os problemas estruturais do concelho de Braga, dispondo-se, antes de mais, a “organizar o território” e a torná-lo “uno” e coeso. Para tanto, propôs a sufrágio, em jeito de “compromisso” ou “tratado de colaboração com a população” como lhe chamou, um programa eleitoral com doze áreas de actuação que desembocam num conjunto de 442 medidas. Quem não tem medo de estar perto da população não se importa de assumir promessas concretas e detalhadas assim, nem uma “campanha mais informada e informativa”, para utilizar palavras do próprio candidato que considera que “a política só tem sentido quando se trabalha para as pessoas”. Ricardo Silva assume ainda que o seu “programa eleitoral não é apenas para um mandato” e que quer “trabalhar com todos”, considerando que os 37 Presidentes de Junta serão os “parceiros naturais da Câmara Municipal”. João Rodrigues, ao contrário, está condicionado pelo aparelho partidário e preso à estratégia política ainda em curso.

Luís Martins

Luís Martins

30 setembro 2025