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Rigor e Coragem

 


 

 


 

Duas condições imprescindíveis na política séria e consequente. Condições precisas para o país poder ascender a outros patamares de desenvolvimento. E claro de bem-estar. De futuro. São mesmo precisas para ultrapassar esta modorra que asfixia a ânsia legítima de se ter ambição. De se aspirar a outra dimensão. De se sonhar. São precisas para se derrubar os obstáculos desta cultura de esmolar e de andar de cabeça baixa à espera de umas benesses eleitorais. As duas condições, Rigor e Coragem, talvez, em pé de igualdade são precisas mesmo. De braço dado. Entrelaçadas. Exponenciadas. Rigor, muito rigor nas atitudes, nos comportamentos, nas medidas, nas decisões. Nas contas. Na assumpção de responsabilidades. Muita coragem nas atitudes, nos comportamentos, nas medidas, nas decisões. Rigor e coragem em todos os momentos. E em todos os sítios. Sem vacilar. 

O “pragmatismo político” do recua dois e avança um não dá. Mesmo o recua um e avança dois também não dá. Não é coerente. Não é profícuo. Deixa rasto de fraqueza. De hesitação. De falta de amadurecimento. De ponderação. De trabalho de casa. Enfim, de Rigor. E de Coragem.


 

1 – Rigor, sempre. Nas pequenas coisas e nas grandes coisas. É difícil aplicar o conceito e a realidade em democracia. Muito difícil. Os votos são o calcanhar de Aquiles das boas decisões. Tem que se agradar ao eleitor “interesseiro”. Às massas lobbystas. Às “máquinas” partidárias opositoras. Estas, estão sempre de garras afiadas. Para complicar. Para fazer ruídos ensurdecedores. Para deitar abaixo. O exemplo da Câmara Municipal de Lisboa é significativo. Antes de se averiguar com “Rigor”, “corta-se” a cabeça ao presidente. Ele é assim e assado. Ele escondeu-se e quando aparece, ali e acolá, é para espalhar demagogia. Para salvar a sua pele. Ele disse isto e aquilo há um ano, há um mês, há um dia. Tudo o que ele diga e faça é motivo de o achincalhar. De o denegrir na sua função. Não pode dizer nada. Vai-se buscar pingarelhos e mais pingarelhos para o pôr em causa como autarca e até como cidadão. Tentaram arranjar todos os argumentos para o decepar. Argumentos falsos, mentirosos, enviesados, estúpidos, porque do outro lado está gente acéfala, desprovida de sensibilidade, de saberes. De inteligência e de bom senso. Gente que engole tudo e trespassa tudo como os tais especializados comentadores contratados querem. Os “especialistas”, alguns com ódios ideológicos estampados e bem fermentados, apresentam-se nos écrans com cara de meninos de coro, livres, isentos e sapientes. Outros mais descarados, com semblantes incomodados numa encenação carpideira de arrepiar os vasos capilares de qualquer telespectador. 


 

2 – Ainda mais Rigor nas coisas públicas. Aqui, sim. Nas coisas públicas, porque o dinheiro é público. As canseiras são públicas. As ansiedades são públicas. Os resultados dependem do rigor com que se gere a coisa pública. Não se pode gozar com o futuro de ninguém. Com as aspirações de ninguém. Com as construções simbólicas de ninguém. Rigor exige respeito. Dignidade. Sentido de Estado. Rigor é a chave do sucesso e dos avanços sociais. Do futuro.


 

3 – Coragem. Muita coragem para os “gestores do país” enfrentarem os dislates de quem estorva. Coragem para se incrementar medidas duras, mas necessárias. Para se inverter a modorra social e a asfixia ideológica. Coragem para se remar, até, contra a maré. Para se dizer não, quando é não. Para não se ceder por nada ou com toda a facilidade do mundo, quando o voto está em disputa. Ainda recordo: “Que se lixem as eleições” e “o país está em primeiro lugar” - palavras fortes, corajosas, directas, de arreganho de Passos Coelho. Estadista de topo. Político de coragem. Homem de elevado estofo. Cidadão de grande responsabilidade nas adversidades. 


 

4 – Coragem para fazer diferente. Para não pactuar com calendários eleitorais. Para incutir a ideia do pragmatismo que o futuro não se constrói com facilidades. Com esmolas. Com “humanismos políticos” que enrolam e asfixiam a livre vontade de qualquer um se afirmar. Coragem para sermos nós, seres construtores e sonhadores, de nos libertar das amarras da servidão subsidiária. Libertar da certeza do voto baseado na esmola. Coragem para nos sentirmos cidadãos livres, responsáveis e úteis ao país. O país precisa mesmo de Rigor e de Coragem.

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

28 setembro 2025